No domingo, confrontado pelos jornalistas sobre as suas declarações durante a apresentação da moção “Por uma Federação coesa e unida”, onde disse existir “falta de união e solidariedade” entre os autarcas da CIM-TTM, Benjamim Rodrigues foi perentório na resposta.
“Honestamente, sim [existe divisão]”, acrescentando que “não há uma visão de conjunto, cada um olha para o seu umbigo”.
E isso viu-se, desde logo, por concordar com as afirmações do presidente da CCDR-N, sobre o Complexo do Cachão, que, na opinião de António Cunha, é um projeto que merece “um olhar diferente, quer das entidades regionais, quer das nacionais” e que “terá de ser muito mais que um projeto dos municípios de Mirandela ou Vila Flor”, defendendo um projeto da CIM.
Ora, Júlia Rodrigues não concordou com as afirmações de António Cunha, mas Benjamim Rodrigues sim.
“O que me parece é que quem gere todo o pacote financeiro para a indústria, inovação, tecnologia e agricultura da região Norte, neste caso a CCDR-N, não quer tirar verbas do seu bolo, mas antes tirar do bolo da CIM-TTM e passar para nós a responsabilidade”, disse Júlia Rodrigues, presidente da Câmara de Mirandela, em reação às declarações de António Cunha.
Já para Benjamim Rodrigues o projeto do Cachão é algo “difícil” e para o qual “temos de criar ferramentas para ter financiamentos para uma estrutura que é hiper-sobredimensionada”.
“Concordo que o Cachão tenha de ser um projeto maior, da CIM, mas tem faltado união nesse sentido”, acrescentou.
Entretanto, o presidente da CIM-TTM, Pedro Lima, considerou as declarações de Benjamim Rodrigues “surpreendentes e infelizes” e foram feitas “um pouco a quente, no calor da luta político-partidária”, revelando que o assunto será discutido “em fórum próprio”, ou seja, na próxima reunião da direção.
“Temos todos de remar no mesmo sentido e unidos em torno de um objetivo”, frisa Pedro Lima.
“NÃO HÁ DIVISÃO NA CIM”
Agora, Benjamim Rodrigues veio, em comunicado, negar a existência de divisão na CIM. Na nota, o autarca de Macedo de Cavaleiros diz estar “profundamente comprometido com o bom funcionamento da CIM-TTM” e acredita que “é o trabalho em rede, entre todos os municípios da região, que poderá levar ao desenvolvimento de um território que tem reconhecidas dificuldades”.
Na mesma nota, e a propósito das suas declarações prestadas aos jornalistas presentes no congresso da Federação Distrital do PS, Benjamim Rodrigues explica que “por falta de precisão no que quis transmitir, ou por má interpretação, perpassou a ideia de que existe um clima de guerra e divisionismo, o que não corresponde à verdade”.
Segundo o autarca, “o território precisa de ter uma visão estratégica de futuro comum”, referindo que a sua intervenção “teve como objetivo reforçar o transmunicipalismo, para que a região apresente e reivindique projetos comuns, capazes de atrair investimento”.
“Existe uma excelente relação política, e até pessoal, entre os autarcas dos municípios que integram a CIM de Trás-os-Montes, e estamos todos empenhados em trabalhar para trazer o desenvolvimento à região”, conclui.