Conhecida e reconhecida, a nível nacional e internacional, a Bienal de Gravura do Douro, evento que, desde 2001, se realiza na vila de Alijó e que, este ano, se estendeu a Foz Côa, criando, assim, uma ligação entre gravura rupestre e gravura contemporânea, “pode ser um dos maiores eventos do Douro”. Esta é, pelo menos, a opinião da organização do certame que, nesta quarta edição, conseguiu trazer ao interior do país 250 gravuras, da autoria de 131 artistas, oriundos de 47 países. Números estes que, segundo Nuno Canelas, Director do Núcleo de Gravura de Alijó e um dos Comissários da Bienal, “espelham bem a representatividade desta Bienal, a nível mundial”.
“Este evento mostra a ousadia e o trabalho da gente do interior que teve a capacidade de pôr as ideias em prática e o trabalho no terreno. No entanto, gostaria que a Bienal crescesse, ainda mais. Este é um evento com muita representatividade, mas que de maneira nenhuma nos satisfaz”, afirmou o Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa, Emílio Mesquita, para explicar: “não nos podemos dar como satisfeitos, enquanto não tivermos aqui representados todos os países”. O autarca defendeu uma aposta forte na divulgação da Bienal, afirmando que, a partir daqui, a organização tem que “sonhar mais alto e não pode poupar esforços e recursos, na divulgação do evento”.
Esta IV Bienal da Gravura do Douro, que se iniciou no dia 10 de Agosto e termina no dia 10 de Setembro, conta com um orçamento de cerca de 55 mil euros, em grande parte financiado pela Câmara Municipal de Alijó.
Luís Azevedo, Vereador da Cultura deste Município duriense, explica o forte apoio dado à Bienal, defendendo que “o desenvolvimento só é sustentável, com Cultura”. O mesmo responsável adiantou que o apoio da Câmara não se restringe à Bienal, referindo-se ao esforço que a autarquia tem vindo a fazer, no sentido de edificar, em Alijó, um Museu da Gravura Contemporânea, obra que, segundo Nuno Canelas, “é o grande desafio que agora se apresenta à organização da Bienal e à Autarquia”.
Esta IV edição da Bienal de Gravura do Douro que tem como ponto alto a presença da obra de Paula Rego, no Auditório Municipal de Alijó, ficou também marcada pelo “casamento feliz” com as gravuras rupestres do Vale do Côa, do qual nasceu a exposição “Diálogos” que reúne, frente a frente, gravuras contemporâneas e rupestres. “Alijó e Foz Côa são duas regiões do Douro, detentoras de duas artes que os anos não separam”, afirmou Nuno Canelas, para acrescentar que esta parceria [entre o Núcleo de Gravura de Alijó, o Parque Arqueológico do Vale do Côa, a Cooperativa Árvore e as autarquias de Alijó e Foz Côa] vai resultar na concretização de novas ideias, “de maneira a que não se perca a relação entre gravura, arte e património da humanidade”.
De referir, ainda, que, para além da exposição de Paula Rego, no Auditório Municipal de Alijó, esta Bienal compreende, ainda, uma exposição de artistas da Cooperativa Árvore, no mesmo local, uma exposição de Humberto Marçal, nas Piscinas Municipais e uma grande exposição colectiva, no Pavilhão Gimnodesportivo de Alijó.
MM