“Chegavam às 19 horas e iam embora, deixando o monte a arder”. Esta foi uma das queixas manifestadas por um Comandante de uma Corporação de Bombeiros do distrito de Vila Real, a algumas equipas do GIPS da GNR, no decorrer da primeira Assembleia Geral da Federação dos Bombeiros do Distrito de Vila Real. Neste plenário, realizado no Salão Nobre dos Bombeiros de Peso da Régua, foi manifestada muita tensão que alguns Comandantes e Dirigentes deixaram transparecer, relativamente à actuação dos elementos da GNR, no que concerne à sua missão de combate aos fogos florestais, na última campanha, no distrito de Vila Real. O plenário, composto por cerca de quarenta elementos, analisou, em pormenor, a presença dos elementos da GNR. O Presidente da Federação Distrital, Alfredo Almeida, no fim da reunião, fez uma alusão ao descontentamento manifesto: “Da parte dos senhores Comandantes, foi abordada a relação muita tensa que há, no terreno, entre o GIPS da GNR e os Bombeiros Voluntários. Foram salientadas posições de pouca colaboração destes elementos da GNR que desvalorizam a importância do trabalho dos bombeiros, no combate aos fogos florestais. Nós queremos ser reconhecidos, por este trabalho”.
Este dirigente realçou o facto de serem os Bombeiros que, efectivamente, fazem o ataque e o combate aos fogos. Sem por em causa a presença dos GIPS, os presentes no Plenário defenderam, porém, a sua colaboração “só na prevenção e fiscalização aos fogos”.
“É uma situação preocupante, para os Comandantes e os Comandos Activos de Vila Real” – disse, ainda, Alfredo Almeida que foi mais longe, colocando o dedo na ferida: “Em causa, está uma falta de entendimento, por parte do poder político que está a impor toda a sua força e tem todo o direito em o fazer. Mas não há instruções de interacção com os Bombeiros e falta a ligação e a articulação, no terreno, entre as duas forças. O papel destas equipas da GNR tem sido um pouco duro e pouco dialogante”.
Este descontentamento vai ser dado a conhecer à Liga dos Bombeiros Portugueses, “para que, no futuro, haja mais atenção aos Bombeiros de Portugal e que lhe sejam dados meios que não lhes foram fornecidos”.
“O Governo tem esquecido o papel dos bombeiros, nos fogos. Houve fardamento e botas que não chegaram, a tempo, para os fogos florestais, assim como algum material para carros de combate a fogos” – disse.
Ao que apurámos, os casos de alegada falta de articulação, entre os GIP’s e os Bombeiros, ocorreram, essencialmente, nos concelhos do Alto Tâmega.
Jmcardoso