Natural de Parada do Pinhão, no concelho de Sabrosa, José Augusto Aires Torres, um dos poetas que “esteve esquecido” durante os últimos anos, tem agora um espaço em sua homenagem na terra que o viu nascer, um pólo interpretativo da sua vida e obra que, inaugurado no dia 18, vai juntar-se a uma rede de outros quatro pólos culturais que estão a ser desenvolvidos pela autarquia sabrosense.
A Casa Aires Torres veio contribuir para o esforço de reavivamento da memória do escritor, que nos últimos três anos viu ser reedita a sua obra e entrou para a toponímia da freguesia com a atribuição do seu nome a uma das ruas de Parada do Pinhão.
“Chamaram-me a atenção para este personagem natural de Sabrosa, não só pelo seu valor poético, mas também pelo seu patriotismo”, explicou José Marques, presidente da Câmara Municipal, referindo-se à sua vida enquanto “notável republicano, militar e artista”.
O novo espaço conta com uma área de exposição permanente, onde se pode encontrar “a vida e obra” do escritor, “uma mostra histórica e pedagógica do século XX, porque Aires Torres viveu períodos muito importantes desse século, desde a I República até à implantação da Democracia”, sublinhou a autarquia.
Nascido em 1893, a obra poética de Aires Torres, que é, segundo o Grémio Literário Vila-realense, relativamente escassa, incluindo apenas dois livros, “Inquietação”, de 1925, e “Anda às voltas o mundo”, de 1946, e alguns textos dispersos, foi reeditada em 2007.
“É imprescindível que Aires Torres continue vivo em nós, que continue a passar a sua mensagem democrata”, defendeu o edil sabrosense, relevando que o novo espaço de memória terá uma forte componente didáctica, servindo ainda a comunidade onde está inserido ao dinamizá-la “sob o ponto de vista do turismo cultural”.
Helena Gil, directora regional da Cultura do Norte, corroborou a ideia, referindo que é “necessário promover a visita das escolas” à Casa Aires Torres, “é necessário que as pessoas usem e abusem deste espaço”.
Exactamente com o intuito de dinamizar o novo pólo cultural, José Marque explicou que esta irá funcionar em rede com outros quatro espaços museológicos e interpretativos que estão a ser desenvolvidos no concelho, nomeadamente o Pólo Arqueológico de Garganta, o Museu da Filoxera, o Espaço Miguel Torga e o Centro Interpretativo dedicado a Fernão Magalhães.
“Quando tudo estiver a funcionar em pleno, as pessoas vão sentir a diferença”, garantiu José Marques, sublinhado que para além de dinamizar o concelho ao nível cultural, os novos projectos vão criar “um conjunto de novas oportunidades para os jovens”.
Mais, o edil revelou que, depois dos escritores Miguel Torga e de Aires Torres, a autarquia vai apostar na divulgação da vida e obra de outro poeta sabrosense, Hermínio Monteiro.