2016 foi o ano em velocidade de cruzeiro. Desde aí, “temos registado não só um crescimento nos volumes da mercadoria trabalhada, como um crescimento constante do volume de negócio”, destacou Francesco Marchese.
O impacto da pandemia
A pandemia veio quebrar o ritmo de crescimento da Monsurgel. “O ano de 2020 teve um forte impacto nos nossos negócios. Durante a primeira vaga, o principal dano foi não termos vendido a castanha congelada de 2019. No outono, com a segunda vaga, tivemos um outro problema. O mercado de frescos estava praticamente estagnado. O produto não era escoado porque a Europa estava parada, incluindo os assadores de castanhas, uma parte importante do nosso mercado”.
A Monsurgel registou uma quebra “de mais de 40% em volume de negócio. É pena que o nosso setor não tenha recebido qualquer apoio em 2020. Empresas como a nossa desempenham um papel intermediário importante entre os agricultores locais e os clientes estrangeiros, o que é uma mais-valia para o país”, refere.
Aumentos e alterações climáticas
2021 está, por isso, a ser um ano desafiante. “Todas as matérias-primas estão a aumentar. Não conseguimos impor este aumento no preço ao cliente, uma vez que a castanha é um produto altamente sazonal. Em janeiro ninguém vai querer a castanha em fresco. Estamos a limitar as nossas margens para escoar a mercadoria”, destacou o administrador.
Além destes aumentos, as alterações climáticas comprometeram a produção. Segundo Francesco Marchese, “além de um ano fraco devido à Covid-19, o pior que podia acontecer este ano era o clima não jogar a nosso favor. E aconteceu. Tivemos um verão muito frio e um mês de setembro marcado por temperaturas muito baixas. A árvore não conseguiu maturar o fruto e os ouriços acabaram queimados”.
Destinos da exportação
França e Itália são os principais mercados da Monsurgel. “95% do volume de negócio que estamos a desenvolver é feito em França, com castanha descascada e congelada. Em Itália vendemos a castanha em fresco. Portugal não é, apenas, um grande exportador de jogadores de futebol. Hoje em dia, 95% das nossas vendas são para o estrangeiro. A Monsurgel desempenha um papel importante no desenvolvimento da marca “castanha portuguesa” em Itália. Existem cada vez mais pessoas a reconhecer o valor da nossa castanha e a querer comprá-la”.
Francesco acredita que, “num futuro próximo, a castanha portuguesa se irá posicionar melhor como referência para os clientes” e ocupará um lugar cimeiro nas mesas dos europeus, “tal como o azeite, o vinho ou a amêndoa”.