Quem o viu e quem o vê! Aquele que foi um dos apeadeiros mais concorridos da linha-férrea do Douro está votado à degradação e ao abandono. O imóvel do apeadeiro de Bagaúste, na freguesia de Canelas do Douro, assim como os espaços envolventes, são o exemplo do desmazelo que também é extensivo a outros apeadeiros e estações da via. O seu interior é aproveitado, por marginais, como autêntica latrina e, em redor, os silvados abundam. O risco de derrocada do telhado é um perigo à espreita e o soalho, esse vai sendo arrancado, aos poucos.
Os poucos passageiros da Linha do Douro que ainda utilizam a estação de caminho de ferro de Bagaúste, com paragem obrigatória nos horários oficiais da CP, estão descontentes com as condições de acessibilidade ao edifício. Artur Teixeira, trabalhador agrícola de uma quinta das redondezas e residente em Godim, é um dos queixosos: “À noite não tem, sequer, uma luz. Se chover ou fizer vento, não temos um local para nos abrigar. Isto é uma miséria. Se isto continuar assim, terei de me deslocar noutro transporte”.
Esta insatisfação é comum a outros trabalhadores rurais, hoje os principais utilizadores do apeadeiro. Outrora, centenas de pessoas apanhavam o comboio, no apeadeiro de Bagaúste. Operários dos extintos fornos de silício da Milnorte e os habitantes do “Bairro da Barragem” eram os principais utilizadores.
Tentámos contactar a Rede Ferroviária Nacional, sobre este assunto, mas esta não disponibilizou qualquer informação. É caso para dizer que se lamenta que este apeadeiro não fizesse parte das 103 lixeiras que foram erradicadas do “território” Douro Património Mundial…
Jmcardoso