Raphael Gamzou, embaixador de Israel em Portugal, esteve presente na abertura do congresso internacional “Diásporas, Identidade e Globalização”, integrado na segunda edição do Terra(s) de Sefarad-Encontros de Cultura Judaico-Sefardita, que aconteceu esta quarta feira, em Bragança.
Segundo o diplomata, o evento “permite o diálogo entre diferentes culturas, construir pontes entre povos”, considerando que a iniciativa em Bragança se enquadra “na linha da ideia de desenvolvimento de diálogo entre culturas e populações”.
Apesar de não acreditar que apenas com encontros deste género se mudem ideias, uma vez que a questão judaica é, como refere, “um longo processo, que exige tempo, paciência e uma educação específica”, Raphael Gamzou considera que o congresso é parte do processo de participação dos cidadãos num importante e largo contexto mundial.
No que diz respeito à atualidade, o embaixador salientou a questão da diáspora e das migrações, frisando a importância de as sociedades combaterem a xenofobia, o racismo e o extremismo que se vivem no mundo. “A legitimidade de se ser diferente, de ser “você mesmo” é muito importante nas nossas sociedades”, conclui.
Avraham Milgram, um dos congressistas convidados, reiterou a questão atual das migrações, lembrando, no entanto, que se distingue da diáspora judaica, uma vez que, como esclareceu, “no caso dos refugiados de hoje, apesar de também existirem muitas restrições, houve políticas positivas e um dos melhores exemplos foi, paradoxalmente, da Alemanha, sobre a liderança de Angela Merkel, que permitiu a entrada de refugiados na Europa”. “O que difere daquela época do êxodo judaico, em que havia uma política com elementos de genocídio, com uma tentativa sistemática de exterminar o povo judeu”, adiantou.
Hernâni Dias, presidente da câmara municipal de Bragança, sublinhou que a iniciativa, que promove a reflexão sobre a memória e o património judaico, permite à região colocar-se favoravelmente sob o ponto de vista turístico e económico, pretendendo captar a nível mundial mais visitantes e investimento para o território. “Este evento é único a nível nacional. Fizemos uma avaliação da primeira edição e o feedback foi muito positivo e decidimos apostar novamente nesta temática, até porque temos em Bragança dois equipamentos culturais dedicados a esta cultura judaico sefardita, pelo que pretendemos colocar a região no centro da visitação”, referiu, adiantando que desde 2017, aquando da inauguração do Centro de Interpretação da Cultura Sefardita e, mais tarde, do Memorial e Centro de Documentação, já passaram por Bragança mais de 10 mil visitantes, um quarto espanhóis. “O turismo judaico é muito forte e temos que saber aproveitar esse potencial turístico que existe nestas comunidades”, concluiu.
O Congresso Internacional sob o tema “Diásporas, Identidade e Globalização” tem coordenação científica da Cátedra de Estudos Sefarditas ‘Alberto Benveniste’, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e decorre até domingo.