Aproveitar as águas termais, que brotam de três captações, a uma temperatura entre os 66 e os 77 graus, para aquecer água e climatizar edifícios do centro da cidade de Chaves é o objetivo da rede de geotermia criada. Instalada e a funcionar já em seis edifícios, públicos e privados, o projeto piloto pretende abranger 25 edifícios nos primeiros cinco anos de implementação, como imóveis municipais, o tribunal, escolas e também vários hotéis. Nesta fase inicial prevê-se que seja evitada a emissão de 1.300 toneladas de CO2 por ano.
A criação da rede urbana geotérmica já se encontra concluída, com a instalação de dois mil metros de condutas para transportar as águas termais até ao centro da cidade e representou um investimento de 1,6 milhões de euros, apoiado em 35% pelo Fundo de Apoio à Inovação e o restante suportado pelo orçamento municipal.
Um esforço que o presidente do município entende justificar-se por se tratar de “um projeto inovador, singular e alinhado com a estratégia de transição energética”. “Pretende-se aproveitar este recurso natural, que tem esta capacidade de criação de calor e que está desaproveitada” nesta área, afirma. Nuno Vaz ressalva que a utilização principal é vocacionada para o termalismo, sendo avaliada, neste período inicial, a sustentabilidade deste segundo uso. “Estamos a recorrer a uma solução conservadora”, usando a “água que estava a ser desperdiçada e conduzida para o rio Tâmega”, sublinha o autarca.
A geotermia já é utilizada em Chaves há alguns anos para, por exemplo, arrefecer as águas no balneário termal para os aquistas, mas de forma ineficiente.
Depois de concluída a primeira fase, está em revisão de projeto o processo de ligação dos restantes edifícios públicos, avançando depois o concurso, previsivelmente no próximo mês. Serão aplicados 514 mil euros para a instalação de equipamentos adaptados a esta fonte de energia (permutadores de calor) nos edifícios municipais. “Esta água tem propriedades que a tornam muito agressiva para os metais e não vai circular na rede predial de cada edifício”, sendo necessário um equipamento que faz a permutação, isto é, a transferência de calor.
O uso desta energia renovável vai ainda permitir poupanças na fatura energética da autarquia. Nesta fase, será ainda feita a ligação à rede dos dois hotéis e um lar, que neste momento já usam a energia geotérmica de forma individualizada.
No futuro, será avaliado o potencial de produção geotérmica no concelho, para saber se será possível “ter uma rede de calor para servir habitações individuais”.
A rede geotérmica de Chaves foi premiada, em 2021, pelos Prémios Autarquia do Ano.