É o contra-rótulo que o diz: “Produzido por alunos e professores da Quinta do Rodo”.
De facto, a Escola Profissional e Agrícola de Desenvolvimento Rural do Rodo, em Peso da Régua, é a primeira e única, da Região Demarcada do Douro, a produzir o néctar mais famoso do Mundo. Para o efeito, está devidamente autorizada pelo Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IVDP, a ostentar a sua certificação.
“Estes vinhos foram já produzidos na Quinta do Rodo, há alguns anos atrás, e, quando tomámos posse deles, tínhamos cerca de cem mil litros” – disse Luís Maduro, Presidente do Conselho Executivo da EPADRR. Segundo este responsável, a decisão de criar uma marca e a respectiva comercialização ficou a dever-se ao facto de “proporcionar rentabilidade das reservas então existentes, dado que os armazéns estavam cheios”. Os vinhos passaram para a EPADRR, em 2003, e, neste ano, foi criada a marca “Quinta do Rodo”.
A primeira comercialização surge em Dezembro de 2005. Um lote de cinco mil litros de vinhos velhos foi aprovado, pelo IVDP, e colocado no mercado.
“O nosso Vinho do Porto é um «Tawny» de dez anos e resulta de um lote feliz de vários vinhos do Porto e do trabalho de alunos, professores e trabalhadores que passaram ou que estão na escola. Na base do lote, estão as castas mais tradicionais do Douro (algumas raríssimas) e a localização privilegiada das vinhas empresta-lhe qualidades organolépticas únicas” – sublinhou Luís Maduro. Outra particularidade deste vinho consiste no facto de ter sido envelhecido em cascos de carvalho português e algum, mesmo, em pipas de castanho.
Segundo Luís Maduro, os melhores clientes deste “Tawny” são escolas do Nordeste Transmontano e mais de metade do lote já está vendido. Com o preço a rondar os nove euros, por garrafa, o “Quinta do Rodo” teve autorização do Estado, para que a sua venda se concretizasse.
Os vinhos vão envelhecendo em velhas “pipas rabelas”, num armazém que a Escola possui, em plena propriedade agrícola. As “pipas rabelas” são cascos de 620 litros (as vulgares têm 550) que eram transportados nos barcos rabelos e que tinham a particularidade de nunca irem ao fundo do rio, mesmo que fossem cheias, pelo facto de só transportarem 550 litros de vinho, o que lhes permitia criar uma espécie de “caixa de ar” interior, fazendo-os flutuar, em caso de naufrágio de embarcação, ou se saltassem, com os movimentos bruscos dos vários “cachões” então existentes no rio Douro.
Jmcardoso