Martim Ventura tem 18 anos, Ricardo Pires 30. São de gerações diferentes, mas em comum têm o amor pelo Grupo Desportivo de Chaves. São adeptos ferrenhos do clube da terra e regressar à I Liga foi ouro sobre azul numa época algo atribulada e difícil.
Sempre que podem estão na bancada, seja em casa ou fora de portas.
“Às vezes é um pouco difícil porque somos novos, muitos de nós ainda estudam e não conseguimos ir a todos os jogos. Pagamos tudo do nosso bolso, desde bilhetes, deslocação e faixas”, conta Martim, que em 2016 reuniu um grupo de amigos para formar uma espécie de claque.
“Não havia, e não há, nenhuma claque oficial do clube, neste momento. Em 2016, quando subimos à primeira, falei com um grupo de amigos e começámos a ir aos jogos”.
O seu grupo dá pelo nome de “Nova Geração” e reúne cerca de 50 adeptos entre os 14 e os 25 anos. “É o amor ao clube que nos une, vamos a todo lado, sempre que podemos”, frisa.
Ricardo Pires pertence aos “Velhos Amigos”, da “antiga” União Flaviense. Acompanha o clube para todo o lado e garante que “estamos aqui pelo símbolo e não por quem está no clube, porque isso amanhã pode mudar, mas o símbolo fica, época atrás de época”.
“Chaves é a minha cidade e o meu clube. É a minha vida. Se não forem os de cá a apoiar o clube da terra, quem é que o vai fazer?”
Já percorreu “milhares de quilómetros” para ver o Chaves jogar e guarda na memória “muitas histórias”. Ainda assim, admite que “podíamos ser muitos mais a apoiar, mas há quem seja contra aqueles que estão no clube atualmente. Não os posso contrariar, e a verdade é que já fizeram muito pelo Chaves. Posso não concordar com algumas coisas, mas como já disse, o amor ao clube é o mais importante”.
“Chaves é a minha cidade e o meu clube. É a minha vida. Se não forem os de cá a apoiar o clube da terra, quem é que o vai fazer?”, questiona, acrescentando que “somos uma cidade do interior e há muita gente a ir embora, mas isso acaba por ser positivo, porque há sempre quem possa apoiar o Chaves fora daqui”.
Mas admite que é cada vez mais difícil chamar gente para apoiar e cantar pelo clube em dias de jogo. “Primeiro porque, como já disse, há quem seja contra quem está a gerir o clube, depois porque nem sempre é fácil conciliar os horários dos jogos com os do trabalho e também porque ao não sermos uma claque oficial e legalizada, não temos apoios”.
Ainda assim, e agora que o Chaves está de regresso à I Liga, “apoio não vai faltar”. “Vamos ter de reunir para perceber o que podemos fazer nesta nova época, mas não somos muito de planear a longo prazo. O importante é estar lá para apoiar, nem que sejamos só cinco”, refere Martim Ventura, que não esquece o jogo da subida, em Moreira de Cónegos. “Foi um momento indiscritível e aquilo que queremos é que o Chaves se mantenha na primeira”, admite.
“Este é o lugar onde merecemos estar e sabemos que vai mobilizar mais gente ao estádio. É hora de apoiar o clube da terra e deixarmos de ser um país onde só os grandes é que são vistos como bons. Se temos um clube na nossa cidade, temos de o apoiar”, vinca Ricardo Pires.
O importante, dizem, “não é a quantidade de pessoas a apoiar, mas a qualidade. O nosso lema é e será apoiar não porque o clube ganha, mas porque existe”.