Foi Mário Anjos que a convenceu a integrar a lista, mas Adma não tinha ambições políticas nem pensava vir a desempenhar o papel de presidente. “Foi um convite que o senhor Mário me fez, para o ajudar no computador e com a papelada”, afirma, desconhecendo as funções que iria ter como secretária e como segunda da lista. “Aceitei para ajudar”, refere, acreditando que teria apenas trabalhos de administração. “Mas quando tive de tirar fotografias para o panfleto, assustei-me um pouco”, admite.
Passados dois anos, teve de assumir a presidência da freguesia de 270 habitantes, que inclui ainda Orjais, Segirei e Aveleda. “Foi um choque muito grande” e “foi tudo novo”, confessa. “Por mais que tratasse dos papéis, ele é que estava à frente das obras e dessas coisas”. “O senhor Mário dizia que eu era capaz de desempenhar as funções, mas nunca pensei em ser presidente”, afirma, não sabendo ainda se vai recandidatar-se. O que garante é que gosta do que faz “pelas pessoas” e do que consegue “trazer para as aldeias”. Adma diz que o que mais aprecia é “mexer com os papéis”, mas também de “estar perto das pessoas e ver o que precisam”.
Já o mais complicado são as tarefas relacionadas com as obras. “Tem sido um desafio, todos os dias. Além da comunicação, ir atrás do que é preciso para as obras e projetos que temos”. Ser uma aldeia periférica do concelho traz entraves e a distância de 30 quilómetros parece maior, como na hora de conseguir orçamentos. “É triste porque somos um pouco esquecidos”, vinca. Para as obras do depósito de água “peço orçamentos e não tenho resposta ou falam que é muito longe”, conta. Já a requalificação da sede da junta de freguesia foi possível com mão de obra da aldeia. Depois de obras no cemitério, estão previstas melhorias no forno comunitário e a requalificação da estrada.
Nascida no Brasil, veio para Portugal há quase 10 anos, para a aldeia da mãe, que decidiu voltar às raízes. Mudou-se de Santos, São Paulo, para a aldeia transmontana que não conhecia. “De um extremo para o outro, do calor para o frio” e de uma cidade populosa para uma pequena localidade.
Morando na aldeia, a autarca diz conhecer as dificuldades dos habitantes, desde o isolamento, aos problemas do dia a dia, como “ter de apanhar um autocarro para ir a Chaves, que há poucos”. “Sabemos o que precisamos para aldeia, e temos de lembrar que ela existe e que não é só Chaves”.
No início, reconhece que era olhada com alguma desconfiança, sendo mais nova e tendo pouca experiência, mas agora acha que “já se acostumaram”. Tenta manter a proximidade com os habitantes, através da realização de eventos e convívios e “as pessoas têm aderido bem”.
Tendo em conta a pouca experiência, “para tirar dúvidas, até sobre leis” tem-se valido do apoio do município e da associação de freguesias e prefere “perguntar duas ou três vezes do que fazer alguma coisa errada”.