No “Contrasenso”, o engenheiro, natural de Murça, falou numa “crise de vocação para aquilo que as chamadas tecnologias STAEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática)”, admitindo que a carência de engenheiros em Trás-os-Montes se agrava devido “à interioridade e da falta de coesão territorial, sendo difícil às empresas captar e reter talento”.
A pensar nisso, a Ordem dos Engenheiros (OE) lançou um projeto chamado “A engenharia em mim”, destinado aos alunos do ensino básico e secundário, que, com “a ajuda de um kit da Lego, desafia os estudantes a fazerem robôs e a fazerem programação”, explica, adiantando que o projeto “já chegou a dois mil estudantes e é um programa que é para continuar”.
O objetivo é “despertar o interesse dos alunos pela área da engenharia”, mostrando-se confiante que “o programa começará a dar frutos a curto prazo”.
Ser engenheiro, afirma, “não é para qualquer um”, porque “tem que se estudar muito”, mas “a engenharia portuguesa tem muita qualidade”.
Sobre a ideia que a sociedade tem dos engenheiros, Bento Aires revela que “tal como uma pessoa não quer chegar ao hospital e ser atendido por um cozinheiro, também não pode querer fazer uma obra sem chamar alguém habilitado para isso, terá de chamar, neste caso, um engenheiro civil. No caso de uma vinha, por exemplo, terá de recorrer a um engenheiro agrónomo”.
“Contratar um engenheiro não é caro. Não o fazer, sim, pode sair muito caro”, vinca.
Questionado sobre a lei dos solos, Bento Aires confessa que o debate em torno do tema foi “pouco sério e pouco transparente”, frisando que “a lei não foi alterada, mas sim o regime jurídico dos instrumentos de gestão do território, que regula a forma como os Planos Diretores Municipais, os Planos de Urbanização, os Planos de Pormenor e o Programa Nacional das Políticas de Ordenamento do Território são feitos, alterados e como têm de ser enquadrados”.
“O planeamento urbano atual é muito arcaico. Precisamos de decisões mais céleres do ponto de vista do licenciamento, mas isso implica que as autarquias façam um trabalho muito mais avançado no desenho urbano”, afirma.
Para Bento Aires, “o problema da habitação está transformado num problema ideológico”, confessando que o mesmo não vai ser resolvido nos próximos anos.
Desafiado a estimular os jovens a seguirem a área de engenharia, o presidente da OERN diz que “esta é uma profissão que pode mudar o mundo. É uma profissão que faz acontecer”.