Segunda-feira, 14 de Outubro de 2024
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Montenegro diz que falta liderança política no setor da agricultura

O presidente do PSD, Luís Montenegro, desafiou hoje o Governo a “olhar para o Portugal profundo”, afirmando, em Mirandela, no distrito de Bragança, que “falta liderança ao setor da agricultura”.

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“A ministra da Agricultura – isto não é uma critica pessoal, é política – não tem autoridade no setor. Não é respeitada. E, com isso, infelizmente quem sofre são aqueles que, no dia a dia, vão investindo o seu esforço, tempo, dedicação, para poder manter vivo aquilo que é essencial para o país”, afirmou Luís Montenegro, no final da visita à barragem de Vale de Madeiro, em Mirandela.

O líder do PSD falava aos jornalistas depois de ouvir responsáveis da Associação de Beneficiários do Perímetro de Rega de Vale de Madeiro queixarem-se de uma obra que ficou inacabada, dizem, por falta de entendimento entre a Infraestruturas de Portugal e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

Segundo o presidente da Associação de Rega de Vale de Madeiro, Emanuel Batista, vão ser devolvidos a Bruxelas mais de 500 mil euros de fundos comunitários, destinados à continuação do perímetro de rega daquela barragem do concelho de Mirandela, que serve 243 utilizadores.

“A obra constava da continuação do perímetro de rega, que estava no primeiro projeto que abrangia a barragem. Com canais, bombas de rega, com contadores, com tudo”, começou por explicar Emanuel Batista a Luís Montenegro, contando depois que “a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte construiu o perímetro de rega e agora [a empreitada] ficou bloqueada a extensão para Vila Nova das Patas [Mirandela] com a construção da autoestrada (A4). E agora [as duas entidades] não se conseguem entender”.

Para Luís Montenegro, em causa estão cerca de 500 mil euros de investimento, “dinheiro, ainda por cima, que era de comparticipação da União Europeia que foi perdido, porque estas entidades não se entenderam”.

“E porque não há liderança. Falta liderança ao setor da agricultura em Portugal”, disse aos jornalistas o líder social-democrata.

Luís Montenegro lançou, “mais uma vez, o repto ao Governo para que olhe para este Portugal profundo”.

“Estas pessoas que aqui vivem têm exatamente os mesmos direitos, também as mesmas obrigações. Também pagam impostos”, salientou, considerando que esta situação “ilustra bem tudo quanto” o partido tem dito no último ano “a propósito da falta de investimento na agricultura”.

“E, sobretudo, da falta de concretização de pequenos investimentos. Muito pequenos. Passo a expressão, muito apropriada à água, são pequenas gotas de água do oceano do Orçamento que não são executadas, neste caso em concreto por incúria completa das autoridades públicas, por incapacidade de articulação entre as Infraestruturas de Portugal, o Ministério da Agricultura e até o município. Um desleixo que põe em causa a subsistência, quer das atividades agrícolas, quer pecuárias”, considerou ainda Luís Montenegro.

O responsável da associação considerou que a situação “não se resolve por entraves entre dois ministérios que tutelam as Infraestruras de Portugal e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte”.

A barragem serve 243 utilizadores e destina-se essencialmente para rega de olival, hortícolas e para a pecuária. Com o alargamento, “poucos mais seriam”, admitiu Emanuel Batista, porque “já têm ligações, algumas ligações precárias, mas teria mais pressão e tinha mais dinâmica a nível da área que falta regar para possíveis culturas, que neste momento não se fazem”.

“Que veio fazer a ministra da Agricultura a Mirandela há cerca de dois meses, criar um livro branco para o regadio em Trás-os-Montes, quando não consegue gastar aquilo que já estava aprovado? Sorrisos? Sorrisos em Trás-os-Montes dispensamos”, rematou Emanuel Batista.

Valdemar Batista Carvalho, de 74 anos, produtor de gado ovino, também expressou a sua preocupação a Luís Montenegro: “Eu, à falta de água, já tive que reduzir os animais. Tinha 200 ovelhas, só já tenho 100. Porque não tenho lá água suficiente. Muitos já reduziram. E podia-os lá ter, tenho condições de terreno”.

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