“Sempre acompanhámos o clube, mas, a partir da subida de 2015/2016, altura em que jogava futsal, comecei a interessar-me mais pelo futebol e puxei o meu pai para irmos juntos ao estádio. Desde então, não perdemos um jogo”, explica Filipa Silva.
“O Chaves é amor. Quando estou no estádio, consigo abstrair-me do resto, sobretudo agora que estou na universidade e tenho muitas preocupações. Sinto que organizo a vida em função dos jogos. Aqueles 90 minutos são sagrados”.
Ao mesmo tempo, dividir a paixão pelo clube com o pai “é uma forma de estarmos juntos. É muito bom. Durante o jogo estamos sempre a falar, a trocar impressões. Já fui sozinha e ir com o meu pai é totalmente diferente. Quando é golo, poder abraçá-lo a ele e não um estranho, tem outro sabor. A emoção é outra”.
O pai agradece. “É uma forma de ela vir passar o fim de semana. O bichinho começou a mexer por ela e agora vamos sempre aos jogos. Normalmente, os rapazes é que gostam mais da bola. Ter uma filha, única, e ela gostar de futebol, é muito bom”, admite Carlos Silva.
Nos jogos, “há uma emoção muito forte porque ela vibra muito com o clube, mais que eu, até. Com a pandemia foi difícil porque não podíamos ir ao estádio. Tínhamos de acompanhar à distância, o que não é bem a mesma coisa, mas o futebol consegue unir as famílias”.
A SUBIDA
Depois do apito final, em Moreira de Cónegos, Filipa revela que “foi um misto brutal de sentimentos. Sentei-me no banco, baixei a cabeça e comecei a chorar. A partir daí, fizemos a festa. Sempre acreditei que íamos subir. Depois da derrota em casa, com o Mafra, dizia que ainda íamos surpreender muita gente e fui gozada por isso”.
Carlos tinha a mesma opinião. “Sempre acreditei que íamos subir, mas, ao mesmo tempo, que iríamos sofrer até ao fim. Já sabia que íamos ao ‘play-off’ e assim foi”.
Para Filipa Silva, “os adeptos fazem e fizeram a diferença, até porque o Chaves é um dos únicos clubes da segunda divisão, e até da primeira, que traz muita gente ao estádio. Viu-se, em Moreira, que os adeptos foram essenciais. A cada corte, quando era quase golo, os jogadores viravam-se para a bancada. Esta relação foi muito importante”, frisa.
Quanto a expectativas para a próxima época, “penso que o Chaves vai tentar ter um projeto para se manter na I Liga. O primeiro passo é viver jogo a jogo e perceber até onde conseguem ir”.
O pai alerta que é necessário “construir uma equipa estável, para que não estejamos sempre numa “corda bamba”, tal como estivemos esta época, para subir. A direção saberá o que tem de fazer e o treinador mereceu a renovação. Quem ganha, fica, mas não é fácil manter e trazer gente para Chaves. A interioridade pesa em tudo”, confessa.
Carlos Silva considera que “faz falta haver mais uma equipa da região, pelo menos, na II Liga, como o Mirandela, por exemplo. De igual forma, considero que o Tondela faz falta na primeira divisão, precisamente por causa da interioridade”.
Já Filipa vai mais longe e admite “que o segredo do Chaves para a próxima época passa por fazer do estádio uma fortaleza, futebolisticamente falando, de modo a que quem vem de fora perceba que não vai ser fácil, que os três pontos não estão garantidos”, conclui.