O seu primeiro mandato ficou marcado pela pandemia e pelas aulas à distância, uma forma de ensino da qual não é defensora. “Nem as universidades, nem o ensino em geral estão preparados para o ensino online. Acho que nos conseguimos adaptar, mas era preciso um trabalho de muitos anos para as aulas à distância funcionarem”, conta.
Questionada sobre o que era necessário mudar, a líder estudantil não tem dúvidas de que o primeiro passo seria “mudar o modelo de ensino, porque desde o primeiro ano que estamos habituados a que seja o professor a falar e o aluno a ouvir. Talvez por isso, quando chegamos à universidade e o professor nos pede para falar não temos esse à vontade”. Além disso, “há métodos de ensino que são iguais há vários anos. Pegar nisso e levar para o online sem fazer alterações não é solução”.
“Com a pandemia, estava toda a gente em casa. Era preciso fazer gestão do tempo e de equipamentos. Com aulas o dia todo, isso era impossível”, frisa Maria Ferreira, lembrando que “muitas famílias só tinham um computador para todos, ou nenhum”.
Houve até alunos que “passaram todo o tempo a assistir às aulas e a fazer testes através do telemóvel”, confessa.
Do lado dos professores, “foi-nos dada uma semana para preparar tudo”, afirma Anabela Oliveira, docente na UTAD, salientando que há cursos, como o de teatro, em que “é quase impossível ter aulas à distância”.
“No caso do curso de teatro, do qual sou diretora, o que valeu foi que tínhamos alguns professores que estavam habituados a fazer encenações internacionais à distância e ensinaram os outros”, adianta, concordando que “ninguém estava preparado”.
Já Paulo Reis Mourão destaca “as desigualdades e condições socioeconómicas” que a pandemia veio pôr a descoberto e “o esforço das instituições para que todos tivessem dispositivos e internet”.
“Todos nós sabemos que é diferente estarmos a dar aulas presenciais e sentir que os alunos estão a reagir, outra coisa é estarmos a dar aulas para um ecrã”, frisa, reforçando que “tivemos de repensar as aulas expositivas”.
“Eu recordo-me que gravava as minhas aulas e depois a aula era, sobretudo, para comentar o que tinha ficado gravado”, conta.
No último “Contrasenso”, Maria Ferreira foi ainda desafiada a apontar os cinco principais problemas da UTAD, tendo passado com “distinção” no teste. “Um dos grandes problemas continua a ser nos serviços de alimentação, com filas imensas, sem sistema de senhas, com falta de comida às vezes”, afirma, elencando, também, “a falta de alojamento, a falta de acessibilidades, o ensino demasiado expositivo e a nível dos serviços académicos, onde há alguma lentidão no tratamento dos processos”.
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