Para o último dia de competição deste 8.º Campeonato do Mundo de Orientação em BTT esteve reservada a final de estafetas realizada no Parque do Senhor da Piedade, em Montalegre.
A final de Elites em masculinos foi a mais disputada e a vitória sorriu à Rússia, enquanto em femininos a Dinamarca sagrou-se campeã mundial. Portugal obteve a melhor classificação de sempre numa prova de Equipas Elite – 9.º em masculinos e 10.º em femininos.
Paulo Alípio, Davide Machado e Daniel Marques foram os três elementos da equipa nacional que conquistaram um inédito 9.º lugar para Portugal. Paulo Alípio fez a primeira volta, seguindo-se Davide Machado, com o melhor tempo entre todos os participantes da segunda manga, passando o testemunho a Daniel Marques que cumpriu a última parte do percurso de Estafetas.
No final, a equipa portuguesa tinha um sentimento unânime: «correu muito bem, melhorámos em todos os registos». Daniel Marques enalteceu, ainda, a boa recuperação que fez juntamente com Davide Machado. «Esta prova foi muito boa, apesar de o Paulo não ter tido um início feliz. Chegou com 15 minutos de atraso em relação ao melhor tempo. O Davide recuperou e quando me passou o testemunho, tínhamos reduzido a desvantagem para 13 minutos. Também consegui diminuir e, no final, ficámos a 12 minutos da equipa campeã».
Na mesma linha surgiu o depoimento de Davide Machado, a grande revelação destes mundiais: «a equipa portuguesa trabalhou muito bem e que estes resultados trazem muita motivação para o futuro».
Domínio Russo (Homens)
A primeira equipa a cortar a meta, das 35 em prova, foi a Rússia, que concluiu a prova em 2 horas, 45 minutos e 34 segundos. Anton Foliforov, que foi bronze em Sprint e Ouro na vertente de Distância Longa, era a voz da satisfação da equipa russa: «estamos muito contentes. A prova de estafetas para nós era a mais difícil mas conseguimos. O terreno era muito difícil, foi uma prova muito dura mas conseguimos atingir o nosso objectivo manter o título mundial».
A Dinamarca e a República Checa conquistaram a medalha de Ouro e Prata, respectivamente, numa prova que foi tão disputada que era difícil prever a equipa vencedora no ponto de espectadores, o último posto de controlo, já dentro do recinto da prova.
Portugal em 10.º lugar (Mulheres)
Nas mulheres, tal como nos homens, Portugal voltou a alcançar um resultado histórico. Susana Pontes, Rita Madaleno e Maria Amador atingiram o 10.º lugar da Final de Estafetas, o melhor registo português de sempre em provas de equipas femininas. Rita Madaleno fez um balanço positivo da participação portuguesa nas Estafetas: «correu muito bem. As minhas colegas estiveram em bom plano. A minha parte inicial foi muito boa, mas perdi-me na segunda. Mas, faço um balanço bastante positivo e espero novas oportunidades para competir a este nível no futuro».
A equipa portuguesa terminou a final em 3 horas, 27 minutos e 42 segundos, a praticamente meia hora das campeãs dinamarquesas.
Rikke Kornvig era o rosto da felicidade da equipa da Dinamarca: «foi um percurso muito difícil mas conseguimos, era o nosso objectivo ficar na primeira posição do pódio. Foi um resultado fantástico estamos todas de parabéns». A Finlândia conquistou a Prata e a Republica Checa levou para casa o Bronze.
Portugal no “TOP10” em Juniores
Porém, o feito da selecção portuguesa não se ficou pelos seniores. Também em juniores, a equipa júnior masculina portuguesa conseguiu entrar no “Top10”. João Figueiredo, Rui Silva e João Palhinha conquistaram o 9.º lugar, com o tempo final de 3 horas, 33 minutos e 12 segundos.
O pódio foi preenchido, uma vez mais, por equipas da Europa – República Checa, Rússia e Finlândia que conquistaram as três primeiras posições mundiais. A prova júnior feminina contou apenas com quatro equipas, coroando a Republica Checa com o Ouro, a Rússia com a Prata e a Áustria com o Bronze.
Aldeia Olímpica
Eduardo Oliveira, director da prova, fez um balanço bastante positivo deste evento: «foi uma semana intensa de trabalho e com muita competitividade. Correu bastante bem à equipa portuguesa, sobretudo com os excelentes resultados do Davide Machado». Para Eduardo Oliveira o concelho de Montalegre foi uma muito boa escolha para receber estes mundiais: «Montalegre oferece todas as condições naturais, paisagísticas e culturais para a realização da prova. Procurámos aproximar os atletas da população, como forma de promover a Disciplina de Orientação em BTT. O Pavilhão Multiusos, no centro da vila, foi bem rentabilizado pela organização e pelos atletas. Montalegre tem sido, nestes dias, uma “Aldeia Olímpica”».
Edmond Szechenyi, da Comission Chair – Federação Internacional de Orientação, felicitou a Federação Portuguesa de Orientação pela organização da prova: «fiquei muito satisfeito quando soube que Portugal iria organizar estes Mundiais. Portugal foi corajoso porque é arriscado um país pequeno organizar um grande evento com tantos atletas. Estão a fazer um excelente trabalho, desde os locais da competição até ao espaço onde todos os atletas se encontram com a organização».
Sobre a possibilidade de a Orientação em BTT se tornar uma Disciplina Olímpica, afirmou que «gostaria bastante. Há um projecto nesse sentido, mas é difícil. Para já temos que estar presentes nos Jogos Mundiais e depois então avançar». Edmond deseja que esta organização impulsione esta vertente da orientação em Portugal: «tenho esperança que Portugal aproveite bem, tal como outros países já o fizeram, a Polónia é um bom exemplo, para desenvolver a modalidade após esta organização tenho a certeza que vai haver novos praticantes».
Termina, deste modo, o Campeonato Mundial de Orientação em BTT, depois de cumpridas a prova de Sprint, as vertentes de Distância Longa e Média e a prova de Estafetas, que trouxeram ao concelho de Montalegre muita animação e excelentes mostras de competitividade e ‘fair-play’.
Sublinhar, de novo, que Portugal melhorou, na categoria Elite, todos os registos, com destaque para o 11.º lugar de Daniel Marques em Sprint, a 7.ª posição de Davide Machado em Distância Longa e o seu 12.º posto em Distância Média, o 18.º lugar de Susana Pontos em Sprint e, a fechar com chave de ouro, as classificações obtidas na prova de estafetas – 9.º masculinos e 10.º em femininos.
No somatório dos dois campeonatos, a Rússia lidera o número de Medalhas -11, seguindo-se a Republica Checa – 10 e a Finlândia com 7.
Os atletas preparam-se agora para o próximo Mundial que tem lugar em Vicenza, Itália, de 20 a 28 de Agosto de 2011.
CLASSIFICAÇÕES:
(Masculinos – M21)
1º Rússia (R Gritsan, V Glukhov, A Foliforov) 2.45.34; 2º Dinamarca (B Refslund, ES Knudsen, LB Pedersen) 2.46.09; 3º República Checa (R Laciga, J Lauerman, M Pospisek) 2.48.10; 4º Finlândia (T Turkka, J Laurila, S Saarela) 2.49.09; 5º Suiça (B Oklé, S Seger, B Schaffner) 2.49.36;
6º França (S Toussaint, C Souvray, M Barthelemy) 2.51.24; 7º Itália (G Origgi, M Ruggiero, L Dallavalle) 2.53.38; 8º Eslováquia (M Trnovec, R Chrappa, P Paprcka) 2.56.10; 9º Portugal (P Alípio, D Machado, D Marques) 2.57.22; 10º Áustria (T Breitschadel, B Schachinger, A Rief) 3.01.30
(Masculinos – M20)
1º República Checa (K Bogar, M Tisnovsky, V Stransky) 2.57.16; 2º Rússia (M Utkin, G Medvedev, P Ryabinin) 3.02.01; 3º Finlândia (T Lahtinen, J Hostman, S Pokala) 3.02.29;
4º Dinamarca (R Sogaard, A Bergman, A Konring) 3.03.47; 5º Austrália (C Firman, M Gluskie, L Poland) 3.08.33; 6º Áustria (G Wallas, M Seppele, M Moser) 3.32.55; 7º Portugal (JM Figueiredo, R Silva, J Palhinha) 3.33.12.
(Femininos W20)
1º República Checa (M Lamichova, M Brezinova, M Seifertova) 2.30.46; 2º Rússia (T Repina, A Bolshova, O Vinogradova) 3.02.03; 3º Áustria (T Haindl, J Ritter, C Traint) 3.25.31.