Foi em ambiente de gala que abriu a oitava edição do Campeonato do Mundo de Orientação em BTT e a 3.ª edição do Campeonato do Mundo de Juniores de Orientação em BTT, MTBO WOC & JWOC 2010, eventos que Montalegre recebe até domingo.
Antes da cerimónia de abertura, deu-se o tradicional desfile pelas ruas de Montalegre, trajecto iniciado no castelo e com fim no auditório municipal que ficou apinhado de gente na sessão oficial de abertura do Mundial.
Entre as várias figuras presentes, como são exemplo Carlos Paula Cardoso, presidente da Confederação do Desporto de Portugal e os ex-atletas José Regalo, António Pinto e João Campos, merece destaque a opinião de Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), que defendeu a ideia de tornar a Orientação uma modalidade olímpica e manifestou o desejo de que Portugal possa «ter uma boa participação» nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. A este propósito referiu: «A Orientação, nomeadamente em BTT, tem algo importantíssimo: mistura a prática desportiva ao respeito ambiental, o ‘fair play’, a solidariedade, a cooperação, a filosofia olímpica, enfim, todos os benefícios olímpicos.
O presidente do COP, que participou na cerimónia de abertura do Campeonato do Mundo, organizado pela Federação Portuguesa de Orientação, manifestou-se agradado com a ideia de a Orientação em BTT participar «no projecto olímpico» e notou que a modalidade «tem os requisitos exigidos a uma modalidade Olímpica». Só precisa de mais divulgação e de fazer uma boa proposta de adesão ao Comité Internacional. Por mim, já estou conquistado», disse o Presidente da Federação.
Em relação ao que encontrou em Montalegre, referiu: «estou encantado com Montalegre. Uma região preparada para receber turismo internacional e nacional», pelo que anunciou que o Comité vai propor a realização de um evento, sem especificar em que modalidade: «pode ser trazer atletas de judo a Montalegre ou novamente da Orientação em BTT, para que se perceba que Montalegre está perto da fronteira, mas é Portugal», reforçou, sublinhando que o Campeonato do Mundo de Seniores e Juniores de Orientação em BTT, que se prolonga até domingo, «é uma organização difícil mas muito bem conseguida, com uma capacidade de orientação muito bem dirigida».
Quem revelou também entusiasmo foi Fernando Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Montalegre. «Confirmamos aquilo que era o nosso desejo. Temos aqui muitas centenas de atletas, muitos países representados, gente de todo o Mundo. Montalegre é sede de um acontecimento de nível mundial, que representa o país. Acho que o investimento que o município faz tem uma grande repercussão na imagem de Montalegre. Tem retorno imediato e é soberbo em matéria de promoção. Espero que a prova em termos desportivos e também em termos sócio-cultural decorra bem e que os atletas gostem de Portugal, que se sintam bem e que tenham sucesso desportivo. Que seja um acontecimento que sirva, igualmente, para reforçar os laços de amizade porque o desporto também deve ser isso».
Sobre as declarações do presidente do Comité Olímpico de Portugal que prometeu propor Montalegre como palco da realização de um novo evento à escala mundial, o edil não disfarçou a satisfação: «fiquei surpreendido com Vicente Moura pelo que aqui deixou. Tem um excelente ar jovem e consegue transmitir isso. Uma pessoa afável, simpática, disponível e que mesmo sendo a primeira vez, deu mostras de conhecimentos da nossa cultura, que aprecia a especificidade do nosso país. Deixou aqui um reconhecimento pelo trabalho que temos vindo a fazer. Por exemplo, pelo investimento deste espaço (Multiusos) que acolhe a organização do Mundial. Deixou também uma promessa de apresentar uma proposta para poder realizar-se aqui um evento desportivo de alta competição de outro nível. Vamos aguardar…».
Prova de Sprint confirmou favoritismo de Adrian Jackson
A primeira final do Campeonato do Mundo de Orientação em BTT – a prova de Sprint (desta vez, em contexto exclusivamente urbano) – confirmou o favoritismo do australiano Adrian Jackson que reconquistou na Cidade de Chaves o título de Campeão do Mundo de Sprint, tal como o fez no ano passado em Israel.
A pouco mais de um minuto do campeão do Mundo terminou o português Daniel Marques que cumpriu uma incrível prova que o deixou mesmo à porta do TOP 10 Mundial, o objectivo para este campeonato. O atleta luso ficou em 11º lugar a apenas um segundo do tão desejado número 10, – para desilusão do público de Chaves presente no Estádio Municipal – um sabor amargo que não desmotiva o atleta: «É verdade. Foi no último controlo que fiz um erro e perdi 30 segundos. Foi aí que fiquei fora do Top10. Mas ainda há muito pela frente. Tenho a Distância Média e estou convicto que na Estafeta vamos fazer o melhor resultado de sempre, isto é, baixar o 10º lugar obtido em Israel e na Eslováquia.
Por outro lado, quem ficou desiludido com o Sprint Urbano foi o jovem Davide Machado que apenas conseguiu cortar a linha de chegada em 49º lugar. Paulo Alípio foi 52º e Joel Morgado 65º.
Notável foi a classificação obtida pela experiente Susana Pontes, que obteve um 18º lugar na competitiva categoria sénior em que a polaca Anna Kaminska sagrou-se campeã do Mundo de Sprint seguida pela suíça Christine Schffner e a checa Martina Tichovska.
Em Juniores, a checa Marie Brezinova e o russo Grigory Medvedev conquistaram o ouro nas suas categorias. João Figueiredo foi o jovem português que mais se destacou nesta classe (27º), seguido de João Palhinha (43º) e Tiago Silva (47º).
Em femininos, Margarida Colares (12º) e Ana Filipa Silva (16º) defenderam as cores nacionais.
Inédita, e uma surpresa para os atletas por ter ocorrido em ambiente exclusivamente urbano, a final de Sprint do Campeonato do Mundo de Orientação em BTT, obrigou ao corte das ruas, de estradas e a uma maior concentração por parte dos atletas mais habituados a orientar-se em zonas de mato e floresta.
O campeão do Mundo, Adrian Jackson, sublinhou a surpresa que teve quando viu o mapa. «Foi mais difícil pois estou habituado a competir em floresta. Tive de me concentrar e ter mais cuidado por ser uma cidade. Fiz alguns erros no início mas consegui recuperar e ganhar». Satisfeito, o australiano elogiou a organização e o país de acolhimento deste Mundial. «Está tudo a correr muito bem e espero ganhar pelo menos mais uma medalha».