Na noite de Páscoa, renovaremos o nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo.
A Quaresma é um tempo para acreditar, ou seja, para receber a Deus na nossa vida permitindo-Lhe «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23). Acolher e viver a Verdade manifestada em Cristo significa, antes de mais, deixar-nos alcançar pela Palavra de Deus, que nos é transmitida de geração em geração pela Igreja.
Viver uma Quaresma com esperança significa sentir que, em Jesus Cristo, somos testemunhas do tempo novo em que Deus renova todas as coisas (cf. Ap 21, 1-6), «sempre dispostos a dar a razão da [nossa] esperança» (1 Ped 3, 15): a razão é Cristo, que dá a sua vida na cruz e Deus ressuscita ao terceiro dia. É também ter esperança naquela reconciliação a que nos exorta apaixonadamente São Paulo: «Reconciliai-vos com Deus» (2 Cor 5, 20). Recebendo o perdão no Sacramento que está no centro do nosso processo de conversão, tornamo-nos, por nossa vez, doadores do perdão. O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade.
No recolhimento e oração silenciosa, a esperança é-nos dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar (cf. Mt 6, 6) e encontrar, no segredo, o Pai da ternura.
Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia. Ofereçamos, juntamente com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir a todos que Deus o ama como um filho e como filha.
Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a revisitar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai.
A sensibilidade ao outro, tal como manifestada em Jesus Cristo, exprime-se na comunhão de bens, fruto de um desapego ao supérfluo e da assunção, como nossas, das carências do próximo. É o que designamos por “Renúncia ou Partilha Quaresmal”, componente muito forte da preparação para a Páscoa. Na privação voluntária daquilo que não é essencial, copiamos as atitudes do Senhor Jesus que deu tudo e se deu a Si mesmo.
Como é do conhecimento de todos, na madrugada de sábado, dia 27 de janeiro, as Monjas do Mosteiro Trapista da Palaçoulo foram atingidas por um grave incêndio que, alastrando rapidamente, comprometeu a zona central da hospedaria (telhado, sótão e grande parte do primeiro andar). A zona mais atingida foi o sótão (que servia de arrecadação) e os quartos, que ocupavam enquanto aguardam a conclusão da construção do mosteiro. Algumas salas eram utilizadas como escritórios e áreas de trabalho (escritório da Madre, escritório das irmãs ecónomas, lavandaria, armazém e embalagem da confeitaria) e o incêndio danificou-as gravemente, inutilizando parcial ou totalmente as salas, as máquinas e o material armazenado.
O fruto da Renúncia e Partilha Quaresmal de 2024, na Diocese de Bragança-Miranda, será na íntegra para ajudar a reconstruir o que o incêndio destruiu na Hospedaria do Mosteiro de Palaçoulo. Apelamos à generosidade de todos!
Que Maria, Mãe do Salvador, fiel aos pés da cruz e no coração da Igreja, nos ampare com a sua solícita presença, e a bênção do Ressuscitado nos acompanhe no caminho rumo à luz pascal.