Além da missa dedicada ao santo mártir, à tarde distribui-se gratuitamente vinho e pão, previamente benzidos pelo pároco, a todos os que passam pela localidade, na chamada Roda. Havia 10 mil padas e 3 mil litros de vinho que depressa despareceram dos cestos e das cubas. É que, além de quem foi ao largo da igreja, muitos compram pão e vinho para levar para familiares e mesmo para dar aos animais, para evitar doenças.
“Levo vinho e pão para as pessoas que não puderam vir. Dizem que este pão não ganha bolor”, conta Alfredo Russo, de Cabeceiras de Basto.
Maria Alice Antunes mora em Braga, mas não falta ao São Sebastião. “É uma festa que me diz muito, desde miúda costumava vir sempre. Revejo a família e amigos e também tenho muita fé”, afirma. Leva o pão e vinho benzidos para amigos e garante que há quem “guarde o pão o ano inteiro e vai comendo aos bocadinhos”.
“Desde pequenina que a gente vem aqui, só não vimos se não pudermos, gostamos da tradição, as pessoas também são simpáticas. Eu como um bocado do pão e guardo o resto, pode estar lá anos que não fica com bolor”, garante Maria Pereiro, de Vieira do Minho.
Segundo o padre Pedro Rei, esta é uma tradição que está enraizada no planalto barrosão e que pode remontar à época medieval. “O pão e o vinho estão ligados à sacralização dos alimentos e o S. Sebastião está ligado a este pedido de auxílio em relação à fome, peste e guerra, que eram os três flagelos da idade média e que, de alguma maneira, continuam também a serem os do nosso tempo, passámos por uma pandemia e vivemos uma guerra” na Europa.[/block]