Fica a um “salto” de quatro sedes de concelho (Montalegre, Boticas, Cabeceiras de Basto e Vieira do Minho) e marca a fronteira entre o Minho e Trás-os-Montes. O seu nome vem de “Ad Saltum” que significa caminho entre bosques.
Alberto Martins Fernandes está no último mandato como presidente da junta, um cargo queexerceu ao longo de 24 anos (1989-2001 e 2009-2021). Conhece as gentes e os lugares de Salto como ninguém e por isso aproveitamos a boleia para esmiuçar os encantos desta freguesia, por onde passou e casou D. Nuno Álvares Pereira.
O ponto de partida é a sede da junta de freguesia, um edifício moderno e fora do habitual, erguido no centro da vila, fruto de um investimento de meio milhão de euros. “Foi elaborado com base em dois motivos antigos, uma casa rural de lavrador com um canteiro interior e a parte de fora imita um canastro, onde o milho era guardado. São dois motivos importantes que mantêm a tradição, mas de uma forma moderna, já para não falar que tem muita luz natural”, explica.
E é na sede da junta que funciona, também, o posto dos CTT, desde 1990. “Foi dos primeiros contratos que fizeram com as freguesias”, conta Alberto Fernandes, referindo que “as pessoas aqui podem receber a reforma, pagar contas, enviar correspondência, pagar os impostos, entre outras coisas. Evita muitas deslocações a Montalegre”.
Vila desde 21 de junho de 1995, Salto é a maior freguesia do concelho, com vinte povoações e 1.268 habitantes, espalhados por 78,54 km².
LOCALIDADES
Salto, Minas da Borralha, Corva, Pereira, Caniçó, Linharelhos, Paredes, Amial, Bagulhão, Lodeiro D’Arque, Póvoa, Carvalho, Beçós, Reboreda, Tabuadela, Seara, Cerdeira, Pomar de Rainha, Amiar e Golas
MINAS DA BORRALHA
A viagem prossegue até Minas da Borralha, uma das 19 aldeias que compõem a freguesia de Salto. É um local cheio de história ligada à exploração de volfrâmio que, em tempos, chegou a empregar duas mil pessoas.
Mas em 1986 as minas acabaram por fechar, atirando milhares para o “desemprego”. “Os mais novos acabaram por emigrar e os mais velhos voltaram para os campos”, refere Alberto Fernandes, lembrando que “os trabalhadores da Borralha não eram explorados. As famílias vinham para cá e tinham casa, água e luz mais o salário. Aliás, segundo sei, foi das primeiras empresas a pagar o 13º mês”.
Foi com o fecho das minas que a emigração se acentuou e “ainda hoje temos muitos emigrantes”, frisa, salientando que “foi também graças a eles que a vila cresceu um bocadinho, porque construíram as suas casas”.As memórias das Minas da Borralha ficaram a 210 metros de profundidade, mas estão também retratadas num centro interpretativo, que faz parte da rede do Ecomuseu do Barroso.
FESTAS E FEIRAS
- Feira semanal e mercado hortícola – domingos de manhã
- Senhora do Pranto – 15 de agosto
- Festa de S. Sebastião – 20 de janeiro
- Festa de Elevação a vila – 21 de junho
- Concurso Nacional de Gado de Raça Barrosã – sábado a seguir ao dia 15 de agosto
CARNE BARROSÃ
De regresso ao centro da vila, tempo para avistar um dos ex-libris da freguesia de Salto, a carne barrosã.
“É a melhor carne do mundo” afirma o presidente da junta e isso deve-se “à alimentação do gado, que é criado de forma livre. A carne é boa porque não é criada à base de produtos fabricados, como farinhas”.
Existem, na freguesia, cerca de 800 exemplares de raça barrosã e para apoiar e promover esta riqueza da terra foi criada a Associação Nacional de Criadores de Gado da Raça Barrosã, responsável pela organização de vários concursos pecuários anuais, havendo, também, a “Semana do Barrosão”, no último fim de semana de julho, um evento que “devido à pandemia não se tem realizado”.
ALGUMAS OBRAS REALIZADAS
- Nova Estação de Tratamento de Águas Residuais e alargamento da rede de saneamento à zona de Bessada e Barreiros
- Requalificação do lar e da Casa do Capitão
- Arranjo da zona envolvente da Capela da Reboreda
- Arruamentos diversos em Salto, Cerdeira, Reboreda, Caniçó, Minas da Borralha
- Novo edifício da Junta de Freguesia
- Nova rede de abastecimento de água em Linharelhos
- Rede de fibra ótica em algumas aldeias.
A PANDEMIA
Voltamos ao ponto de partida. Ali ao lado está a escola, com cerca de 80 crianças, e também o lar Nossa Senhora do Pranto, um dos primeiros lares a ter registo de casos de Covid-19.
“Foi logo no início da pandemia, ainda estava toda a gente a tentar perceber que doença é esta. Tivemos o apoio da segurança social de Vila Real, do ACES do Alto Tâmega e dos bombeiros de Salto e Montalegre e acabou por correr bem”, salienta Alberto Fernandes, lembrando que “tivemos à volta de 45 a 50 casos de Covid-19, entre utentes e funcionários, sendo que só morreu um senhor que tinha outros problemas associados”.
A junta apoiou ainda as famílias mais carenciadas. “Fizemos compras na mercearia, na farmácia, demos máscaras a toda a gente e temos apoiado também com a questão das vacinas, ao oferecermos o transporte para Montalegre às famílias mais pobres e aos idosos. Aqueles que precisam mesmo, nós ajudamos”.