Como sabemos, fazem parte da calendarização da “carreira” de uma pessoa, as chamadas Bodas de Prata, Bodas de Ouro e Bodas de Diamante. Porém, também sabemos que a prata, o ouro e os diamantes são, simplesmente, uma terra especial, à qual é atribuído um determinado valor, mas cujos produtos da terra ou constituídos por terra nada valem, comparados com a dádiva, a entrega incondicional de uma vida humana.
Não está ao alcance de todos aferir, padronizar ou, como queiramos compreender e entender, a grandeza dessa referida entrega, sem nada exigir em troca, para além da sua justa sobrevivência.
Escasseiam as palavras vulgares que consigam retratar na sua latitude e profundidade, a grandeza do ser humano que, voluntariamente, se dá aos outros, se entrega em todo o seu ser, sem tempo limitado ou horas disponíveis, para concretizar essa mesma entrega.
Volto a repetir que, para além das pessoas intervenientes ou integradas nesta linha de SERVIR, poucas entendem esta mesma grandeza e implicação, em cada dia que passa. Não há horas garantidas para descansar, não há horas garantidas para comer ou conversar com um amigo que lhes bateu à porta, não há tempo para planear o que quer que seja, à margem do dever que assumiu, o dever da entrega incondicional aos outros, ainda que não saiba os seus nomes, nem onde moram, porque podem não ser seus paroquianos, mas que procuram o seu contributo, nas suas vidas, aos quais ele atende, em nome de Deus que ali ele representa.
Principiou o nosso Pároco, Pe. Guedes, por Campanhó e Pardelhas, no concelho de Mondim de Basto, a sua dádiva, com um sacrifício em que, hoje relatado, poucos acreditam, porque já nasceram na era das estradas e dos motores, desconhecendo os caminhos daquele tempo, onde as calças, muitas vezes, se cortavam no joelho, depois de bater em bicos de pedras que, ao mesmo tempo, deixavam os joelhos a sangrar. Isto não é prosa barata nem romantismo, mas, sim, o relato autêntico de tantos casos sucedidos ao longo da vida de um sacerdote, “condenado” às montanhas, naquele tempo!
Porque se trata aqui de divulgar uma festa sacerdotal e não de pintar de negro a vida dos servidores de Deus e do povo por Ele criado, é de toda a justiça dizer que o nosso Pároco, desde a sua juventude, se mostrou sempre tal qual é: afável e conformado com os acontecimentos menos bons que surgem na vida de toda a criatura de Deus. Sim, digo de Deus, porque aqueles outros sempre que podem desviar-se dos revezes da vida, provenientes da ajuda ou caridade que alguém suplica, logo arranjam desculpa, comportamento este que um Pároco dificilmente perfilha. Ora, ajudas de vária ordem têm sido recebidas das mãos do Sr. Pe. Guedes, sempre que alguém dele se abeire, não receando uma resposta desanimadora, porque do seu bondoso coração não se espera outro produto que não seja fazer o bem.
Para testemunhar o que acima fica dito, basta lembrar a bonita festa que as suas Bodas de Ouro originaram, mobilizando as populações por ele servidas e atendidas, ao longo de tantos anos de dádiva a Deus e ao Povo por ele criado, mais quantos puderam estar presentes e muita gente que, pelos mais variados motivos, sofreram a desdita da ausência, em tamanha manifestação de amor e carinho, a este arauto da Boa Nova, entre nós, o qual pretendemos e prometemos alojar, no nosso coração, como sendo o amigo certo, de todas as horas, boas ou más, porque é sumamente humano e compreensivo, para com todos aqueles que dele se abeiram ou o solicitam.
Perante esta grandeza de homem e de Servo de Deus e do povo por ele criado, o nosso apelo não podia ser outro: fique connosco, enquanto Deus o permitir, porque só Ele sabe até quando.
Vilar de Ferreiros e Bilhó assim o esperam.
Joaquim de Carvalho