Anabela Anjos, secretária-geral da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (ACISB), escreveu uma carta aberta ao primeiro-ministro, António Costa, onde espelha a sua “indignação” sobre as medidas “extraordinárias” de apoio às empresas.
Em tom de desilusão, num Governo em que até tinha esperança, Anabela Anjos revela que se sente “enganada, defraudada, sem esperança”, sublinhando que “não é uma reação ao momento duro que atravessamos, é um sentimento que emana depois de analisar cuidadosamente as medidas ‘extraordinárias’ de apoio às empresas”.
Na missiva, esta responsável revela que aquilo que o Governo propõe para as empresas os “empréstimos com períodos de carência”, não são a solução, questionando o primeiro-ministro se não sabe que as empresas vivem diariamente com empréstimos.
A secretária-geral da ACISB refere que aquilo que o primeiro-ministro deveria ter proposto de imediato era a “suspensão por seis meses no mínimo dos empréstimos que as empresas estão a suportar à banca”. Além disso, deveria “ter suspendido as obrigações fiscais para as empresas nos próximos seis meses no mínimo (IRS, Segurança Social, IVA e todos os outros)”.
Na carta aberta, lembra que as empresas “estão de portas fechadas”, frisando que “não podemos pedir às pessoas que fiquem em casa e que continuem a trabalhar, porque isto do teletrabalho é para uma minoria das empresas, pois a grande maioria das micro e pequenas empresas são do comércio e serviços que têm de estar de portas abertas, de ter clientes para ter dinheiro na caixa para poder pagar aos funcionários”.
Apela ainda para que seja utilizada a almofada financeira que tantas vezes tem sido apregoada pelo ministro das Finanças.
Em tom de desespero, Anabela Anjos diz que os comerciantes “estão apavorados”, não só pelo maldito vírus, mas pelas consequências económicas desastrosas que daí advirão, apelando a António Costa para os ajudar. “Nós estamos aqui para colaborar. Assuma a liderança que lhe compete e diga-nos o que fazer, mas não nos deixe morrer à fome”.
Deixa ainda um apelo ao Governo para não se esquecer dos pequenos comerciantes e empresários, que “não têm como cumprir obrigações, pagar aos bancos, suportar a parte que lhes compete nos vencimentos dos funcionários”.
Para concluir a missiva espera que o primeiro-ministro não se esqueça das famílias “mais vulneráveis que a muito custo gerem os vencimentos, mês a mês, para que não falte comida na mesa dos filhos”.