De acordo com o Instituto Económico Molinari, com cálculos da consultora EY usando números de 2023, os trabalhadores portugueses que auferem o salário médio, trabalham durante quase meio ano apenas para pagar impostos. Em relação ao ano anterior (2022), houve um incremento de mais um dia. Apesar de não ser muito diferente da média europeia (11 de junho), está ligeiramente acima.
A análise refere-se ao salário médio de um trabalhador solteiro e sem filhos e inclui impostos como o IRS e o IVA e as contribuições para sistemas de proteção social, das empresas e dos trabalhadores.
Define-se este dia como o Dia da Libertação Fiscal e ajuda a perceber o fardo fiscal que as empresas e famílias têm de suportar. Um encargo que visa ao Estado cumprir determinadas missões, em especial um papel social e a universalização no acesso a alguns serviços (como a saúde e educação).
Infelizmente, esses serviços públicos revelam fragilidades e os contribuintes sentem que o seu esforço fiscal é excessivo face ao que usufruem do Estado. Enquanto se apela para uma redução da carga fiscal, as gorduras do Estado vão aumentando e agravam-se as condições para otimizar o nosso sistema fiscal.
Recentemente, o economista e diretor da Faculdade de Economia do Porto, Óscar Afonso, destacou e resumiu bem este desafio numa entrevista exclusiva publicada no Jornal Económico: “Sem uma reforma do Estado, o governo está a baixar impostos e amanhã terá de subir outros”. Esta é a nossa encruzilhada que não tem tido solução, por falta de um plano estruturado, ao invés de medidas avulso.
Sem otimização da nossa grande máquina do Estado dificilmente existirá um desejado “choque” fiscal. E sem uma ambiciosa redução fiscal, não se cria um ecossistema de maior competitividade que impulsione o crescimento económico e melhore substancialmente as condições de vida dos portugueses.