Em declarações prestadas hoje à Lusa, a presidente da Câmara de Miranda do Douro, Helena Barril, disse que a bola doce mirandesa é “um doce genuíno e um dos ícones gastronómicos do Planalto Mirandês”, “tradicionalmente associado à Páscoa, sendo presença obrigatória à mesa dos apreciadores devido ao seu sabor único e textura diferenciada”.
No certame dedicado à bola doce marcam presença mais de 40 expositores repartidos por meia centena de espaços de venda.
“À festa da bola doce mirandesa juntam-se os folares, os roscos, os dormidos, os enchidos, os produtos da terra e que promete, igualmente, animação musical e as danças dos pauliteiros, as danças mista mirandesas e o sons típicos das gaitas de fole, para além do saber falar mirandês”, vincou a autarca.
Este doce de raiz conventual deixou de ser um fenómeno sazonal e assumiu o papel de produto regional que já é vendido durante todo o ano, vários pontos do país, devido à qualidade que é imposta pelos produtores locais.
A bola doce é feita com canela e açúcar às camadas, sendo amassada à mão e cozida em forno tradicional a lenha.
Esta iguaria da doçaria transmontana leva seis ou sete camadas de açúcar e canela, como ingredientes mais específicos. A quantidade de ingredientes depende do peso de cada Bola e as camadas não podem ficar com buracos, para evitar que o açúcar e a canela escapem.
Segundo a tradição mais antiga, esta bola é confecionada com farinha de trigo, ovos, canela, açúcar, fermento padeiro, manteiga, azeite e sal.
As principais formas de comercialização deste produto típico da Terras de Miranda passam pelas padarias, pastelarias, feiras e mercados da região.
A bola doce está disponível durante todo o ano, mas é especialmente consumida no período da Páscoa.
Contrariamente à maioria dos folares de Páscoa, a bola mirandesa “é um doce húmido e intenso”. A massa, igual à do pão, mas mais fina, é intercalada com camadas de açúcar e canela e o recheio também é feito em camadas.
Ao longo do certame haverá concursos para premiar a melhor bola doce e o melhor folar.
O historiador António Rodrigues Mourinho fez um levantamento deste produto e concluiu que se trata de uma peça de pastelaria com origem, pelo menos, em tempos dos descobrimentos portugueses.
“Há registos pelo menos desde 1510, que indicam [esta como] a data mais provável da introdução da bola doce nas mesas dos habitantes do Planalto Mirandês. A tradição foi herdada dos conventos ou de famílias do clero e de gente rica. O povo foi modificando a bola à maneira regional, dando-lhe uma forma e sabor próprio que a distingue da doçaria de outras regiões”, referiu o investigador
Dadas as suas características, está em curso um processo de registo da bola doce para que seja considerada um “produto genuíno” da região do Planalto Mirandês.
Para complementar o certame, haverá uma exposição de gado de raças autóctones do Planalto Mirandês.