Técnicos da UTAD vão avaliar, “in loco”, a actuação do dispositivo de combate, ao nível dos grandes incêndios florestais, com o objectivo último de reduzir, cada vez mais, a área ardida, em Portugal. Durante a cerimónia de assinatura do protocolo com a Autoridade Nacional de Protecção Civil, Ascenso Simões deixou o repto às Universidades, para que incentivem o regresso dos alunos às “engenharias verdes”.
Para a Avaliação das Operações de Ataque Ampliado a Incêndios Florestais foi assinado, no dia 15, um protocolo entre a Universidade de Trás- -os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) que, na prática, vai colocar técnicos e alunos da academia transmontana nos locais dos grandes incêndios, para que seja “melhorado o desempenho”, no teatro de operações.
“Sabemos como se combate um grande incêndio, mas também sabemos que há dificuldades e debilidades que precisamos de corrigir”, sublinhou Ascenso Simões, Secretário de Estado responsável pela Protecção Civil, adiantando que a UTAD vai avaliar a actuação do dispositivo da ANPC e dos Bombeiros, nos incêndios que somem mais de oito horas de actividade e que ocorram durante a fase mais crítica, a denominada “Fase Charlie”, ou seja, entre Julho e Setembro.
Segundo o mesmo responsável do Governo, actualmente, a maior parte dos incêndios é extinto logo nas primeiras horas. No entanto, é preciso encontrar respostas para as ignições que não são controladas “à nascença”.
“No terreno, técnicos e alunos da UTAD vão fazer a monitorização dos incêndios, desde os meios colocados no terreno, da sua capacidade de intervenção, da logística, da forma de ataque, dos recursos a técnicas de fogo controlado e de contra-fogo, à incorporação de analistas de incêndios, para uma melhor leitura do teatro das operações”, explicou Ascenso Simões, realçando que o acordo com a UTAD poderá ser “alargado”, tendo em conta os resultados deste ano.
“A UTAD é reconhecida, nacional e internacionalmente, pelo seu trabalho científico, no estudo do comportamento dos fogos”, sublinhou o Secretário de Estado, para justificar a escolha da academia transmontana, para a realização do protocolo.
Ascenso Simões sublinhou que as correcções a fazer, verificadas no terreno, serão introduzidas, desde logo, e sempre que possível, no dispositivo, através dos Comandos Distritais, realçando, no entanto, que “em Outubro, vai fazer-se uma avaliação global, a partir da qual serão promovidas as alterações mais estruturais que é necessário introduzir no dispositivo do ano 2008”.
De recordar que, em 2006, ardeu, em Portugal, uma área de pouco mais de 75 mil hectares, uma redução drástica, em relação aos últimos anos, o que também foi bem visível, no distrito de Vila Real, onde os incêndios consumiram 4098 hectares, menos 29 mil hectares que em 2005.
Ascenso Simões deixou, ainda, um segundo repto, desta vez não só à UTAD, mas a todas as Universidades que leccionam as licenciaturas em “engenharias verdes”, para que as promovam e incentivem os mais jovens a optar por cursos, como, por exemplo, a Engenharia Florestal da UTAD.
Segundo o Secretário de Estado, só com uma forte promoção das engenharias florestais se poderá evitar a redução prevista de 30 por cento de técnicos, neste sector que “poderá por em causa o sucesso das políticas florestais, numa perspectiva de acompanhamento técnico credível, no futuro próximo”.
“Temos que colocar, de novo, as questões da floresta no centro das preocupações dos jovens”, explicou Ascenso Simões, recordando que, com a implementação das Zonas de Intervenção Florestal e a criação de várias centrais de biomassa, entre outras medidas, vão ser criados mais postos de trabalho, no sector florestal.
Armando Mascarenhas Ferreira, Reitor da UTAD, aceitou o desafio lançado pelo Governo, recordando que, há dois anos, o curso de Engenharia Florestal não conta com candidatos, apesar de a Universidade transmontana ser considerada uma instituição de referência, ao nível do ensino e investigação, nesse sector.
Maria Meireles