Situada no concelho de Alijó, Vila Chã é uma freguesia formada por três aldeias: Vila Chã, Carvalho e Chã, que ocupa uma área de aproximadamente 20 quilómetros quadrados. Neste momento, conta com cerca de 600 habitantes.
Pelas ruas da freguesia, encontrámos António Joaquim Fernandes, natural de Carvalho e presidente da Junta de Freguesia de Vila Chã há pelo menos seis mandatos. Confessou estar que está desde sempre ligado às atividades sociais e culturais da freguesia, admitindo que nunca se desenraizou do meio onde nasceu e cresceu. “Foi o destino que me colocou nesta função”. “Três aldeias, uma freguesia”: foi abraçado a este lema, e com muito orgulho, que percorreu cada recanto das aldeias, contando histórias e tradições associadas a determinado ponto de interesse.
Questionado sobre a principal atividade económica da freguesia, o presidente disse que nos dias que correm as pessoas já dispõem de diversos empregos em determinadas áreas, em que a agricultura é uma das atividades predominantes, como o cultivo da “batata, centeio, cereal, milho, vinho,azeite, fumeiros e castanha”, realçando que as gentes da terra estão muito focadas no empreendedorismo e tem havido uma aposta no setor da indústria. “Temos uma zona industrial bem apetrechada, quer no ramo automóvel, quer nos mais diversos setores de atividade”.
Quanto às obras realizadas durante os seus mandatos, o autarca preferiu não particularizar, no entanto quis realçar que “a junta de freguesia tenta fazer as obras que vão ao encontro das necessidades da população”.
Com os olhos postos no futuro, António Fernandes revela estar “a pensar fazer um orçamento participativo, para ouvir e ir ao encontro das preferências dos fregueses. Achamos interessante e necessário ter aqui um posto de multibanco”.
Associação São Tiago de Vila Chã
Em Vila Chã encontramos uma das mais belas e completas instituições de terceira idade da região trasmontana. A Associação São Tiago iniciou atividade em 1992 na residência paroquial. Em 2002, as novas instalações prestavam apoio em regime de ATL, Centro de Dia e Apoio Domiciliário. Atualmente, a associação apresenta-se como uma Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), presidida por António Fernandes.
“Nós temos acordo de cooperação em apoio domiciliário para 40 utentes, em centro de dia para 20 e em ERPI para 14, referiu Catarina Alves, assistente social e diretora técnica. Com um espaço amplo e acolhedor, a associação realiza, diariamente atividades planeadas no sentido de manter os utentes ocupados e ativos. “Temos um plano mensal e fazemos desde pinturas, recortes, jogos de boccia, jogos tradicionais e de sala, ginástica, um pouco de tudo, de forma a estimular as capacidades cognitivas dos nossos idosos”, indicou Susana Pinto, educadora social da instituição. Questionada sobre o ambiente no lar em tempo de Covid-19, Catarina Alves revelou que “a pandemia não foi fácil, mas fomos uns felizardos, correu tudo bem. Não tivemos casos de Covid-19, mas também houve bastante rigor da nossa parte. Trabalhamos com equipas externas, seguimos todas as recomendações que nos eram dadas pela Direção-Geral a Saúde e pela Segurança Social, sempre com o objetivo de não haver grandes falhas acho que fizemos o que sabíamos e o que podíamos”.
Histórias perpetuadas no tempo
Uma das principais atrações da freguesia de Vila Chã é a Anta da Fonte Coberta. Trata-se de um monumento rochoso megalítico, ostentado por uma planta poligonal com vestíbulo. Constituída por sete esteios, uma laje e uma espécie de corredor formado por dois esteios deitados no sentido nascente, é, desde 1910, considerada Monumento Nacional e não fica indiferente aos olhos de quem lá passa.
A Estela do Cavaleiro,é uma pedra, muito provavelmente do século XVIII, que retrata a história da queda de um cavaleiro. António Fernandes afirma mesmo que é designada Estela do Cavaleiro e os populares dizem se ter-se tratado de um padre, devido às características do chapéu. Reza a história que certo dia esse padre seguia, transportado num cavalo, para a celebração da missa e neste exato local, onde atualmente se encontra perpetuada a rocha, “o cavalo se espantou e o cavaleiro bateu com a cabeça na rocha”.
No centro de Vila Chã, situada junto à igreja matriz e à fonte de mergulho de origem romana, pode-se observar, esculpida num afloramento rochoso, uma sepultura rupestre. Orientada a nascente, possui cantos arredondados com delimitação simples da cabeça e ombros.
OBRAS EXECUTADAS E A DECORRER
– Caminho da malhada;
– Estrada de Francelos ao campo de futebol;
– Caminho dos Galegos;
– Muro suporte de caminho na madalage;
– Dois muros no Bairro da Seara;
– Drenagem do cemitério;
– Caminho Tojeira;
– Calcetamento na Rua da Horta;
– Trabalhos numa habitação em ruínas;
– Placas de informação na Anta Fonte Coberta;
– Reparação e enchimento do Caminho Vertial;
– Reparação e enchimento do caminho Vale de Alijó;
– Caminho do Cerro;
– Limpeza do caminho do Lameiro da Casa;
– Calcetamento fundo da Aldeia Ribeiro;
– Calcetamento e arranjo do Caminho Olho Marinho;
– Limpeza e remoção da vegetação da Alagoa;
– Requalificação do caminho do Belale;
– Calcetamento da ladeira das Olhadelas;
– Estrada de Vila Chã ao Alto de Pegarinhos;
– Caminho do Fental;
– Limpeza do caminho da Fonte Coberta;
– Limpeza do ribeiro;
– Caminho dos moinhos, barragens;
– Limpezas: vários caminhos vicinais Sumidouros, parques infantis
parque geriátrico, três cemitérios e todas as ruas da freguesia;
– Requalificação do caminho da Olhadela;
Festas, Tradições e Gastronomia
Ao longo do ano, a freguesia de Vila Chã conta com uma panóplia de festividades, tradições, muitas delas com muita história, e também não falta a boa gastronomia.
A 25 de julho, Vila Chã celebra a festa em honra de São Tiago. Por sua vez, na aldeia de Carvalho, a 5 de agosto celebra-se a festa em honra de Nossa Senhora das Neves. Em Chã, no segundo domingo de setembro, é a festa em honra de Santa Bárbara. No que concerne às tradições, António Fernandes referiu que existe “uma dinâmica constante” das gentes da terra, enumerando “o entrudo, a encomendação das almas na Quaresma, a queima do entrudo, as serragens das velhas e a partilha do burro no domingo gordo, onde os rapazes vão a um sítio alto com um funil grande e dão a pior parte do burro à menina mais importante da aldeia”. O autarca relembrou ainda a participação na bienal na Ravi Douro, “em que cada freguesia tem que levar um tema a Alijó. Vila Chã já participou com um avião, uma anta, uma mostra do ciclo do pão, entre outros”.
À gastronomia não faltam elogios numa região com paladares muito ricos. “Temos o cabrito assado, o borrego, a bola natural e a bola de vinha d’alhos, as sopas de vinho de cavalo cansado, aletria e o pão de excelente qualidade, feito em forno lenha”.
Relembrou ainda a organização de uma malhada transmontana, na Casa da Cultura, em Carvalho. “Fizemos uma sementeira, onde se serviram 300 pessoas com cordeiro estufado, conhecido na malhada como canhonha”.
Pontos de Interesse
Associação de São Tiago de Vila Chã
Sepultura Rupestre de Vila Chã
Estela do Cavaleiro, Vila Chã
Igreja Matriz de Vila Chã
Cruzes (Cálvário), Carvalho
Capela do Padre Zé, Carvalho
Capela de Nossa Senhora das Neves, Carvalho
Capela de Santa Bárbara, Chã
Anta da Fonte Coberta
Aeródromo, Chã
Barragem de Vila Chã
Lavadouros nas três aldeias
Enquanto presidente, tento olhar para as três aldeias da mesma forma. É um mérito que me reconhecem. As pessoas da freguesia de Vila Chã são, por excelência, simpáticas, afáveis e muito humanas. Venham-nos visitar, pois serão recebidos com todo o carinho e encontrarão um rico património cultural, afetivo, humano e religioso, bem como uma extraordinária beleza da nossa paisagem e do ser humano.
António Joaquim Fernandes
Presidente da JF de Vila Chã