Sexta-feira, 26 de Julho de 2024
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“Vila Real está claramente melhor hoje que há 10 anos”

Rui Santos é presidente da Câmara Municipal de Vila Real desde 2013. Cumpridos 10 anos de governação, o balanço é “positivo”, com o autarca a não ter dúvidas de que o concelho “está melhor hoje que há 10 anos”

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São 10 anos à frente da CM de Vila Real. O concelho está hoje melhor do que estava em 2013?

Estes 10 anos têm sido marcados, sobretudo, pelo cumprimento escrupuloso de tudo aquilo que foram os nossos compromissos eleitorais. Vila Real está, claramente, melhor hoje do que há 10 anos em múltiplas vertentes. Desde logo no emprego. Quando chegámos ao município, o desemprego rondava os 12%, hoje está na linha da média nacional, ou seja, ronda os 6%. E há muito emprego que foi criado, com 4464 novos postos de trabalho. E porquê? Porque há 10 anos não existia o Regia Douro Park, onde estão instaladas 120 empresas, há 10 anos tínhamos uma zona empresarial praticamente parada e hoje os lotes vazios foram, quase todos, ocupados, sendo que foram construídos mais 18 e estamos a construir uma nova zona industrial com 80 lotes. É uma obra já adjudicada, no valor de 10 milhões de euros. Nestes 10 anos surgiram na cidade novos investimentos como é exemplo a Ibersol, a Decatlon a Jom, a Marques Soares, o Aldi, a Continental (que passou de 180 para 600 trabalhadores), os hospitais privados da Luz e da Trofa, o call center do grupo Luz, a IBM, a Critical Software, o Pingo Doce em Lordelo, a expansão do Lidl, do Continente, da Gold Energy, o Instituto Fraunoffer, a Altice, os Azeites Borges, a Arquiconsult SA, a Menim Douro, a Quinta do Vallado e muitos outros. Há 10 anos o investimento turístico estava parado, hoje temos mais um hotel, o hotel da Borralha, vários alojamentos locais e em breve nascerá um hotel no seminário. Há 10 anos não tínhamos o Barro de Bisalhães como património da humanidade, a escola de São Pedro não estava reabilitada, não tínhamos a Loja do Cidadão nem Loja Interativa de Turismo, não havia corridas e foi feito também um investimento muito grande no mundo rural.

A nível do espaço rural, anunciou recentemente investimentos na ordem dos 2,3 milhões de euros em pavimentações. Isso chega para desenvolver o espaço rural ou é necessário incrementar outra dinâmica?

Primeiro, dizer que esse investimento vai chegar aos quatro milhões de euros. Depois, realçar que têm sido incrementadas várias dinâmicas no espaço rural. Pela primeira vez foi lançado um programa de apoio à vacinação de gado, por exemplo. Além disso, apoiamos a Feira da Batata, fazemos uma exposição de produtos agroflorestais, temos o Mercado de Produtos da Terra, criámos um roteiro de percursos pedonais ligados à natureza para que, quem nos visita, possa percorrer o nosso mundo rural. Não encerrámos nenhuma escola, bem pelo contrário, estamos a colocar crianças nas escolas do mundo rural, como é o caso de Vilarinho da Samardã ou Arroios, que passaram de não ter praticamente alunos para estarem cheias, e temos feito investimos no saneamento básico.

Rui Santos é presidente da Câmara de Vila Real desde 2013

Falando do saneamento básico, que tem sido uma das vossas prioridades, qual é a cobertura atual?

Já foram investidos cerca de 40 milhões de euros em saneamento. Estamos a falar de um valor que daria para fazer três Parques Corgo, dois teatros municipais, cinco ou seis bibliotecas. Foram 40 milhões de euros traduzidos na construção de 128 quilómetros de condutas. Esta é, talvez, a obra mais estruturante destes últimos anos. Depois de tudo ligado, passaremos de uma cobertura de 64% para 84%. Isto significa, também, que em 10 anos construímos quase 50% do que tinha sido feito em 100 anos. Acho que foi um grande salto.

A habitação é um problema transversal ao país e em Vila Real não é exceção. Como é que olha para esta questão?

Há 10 anos, a autarquia vendia habitações sociais ao desbarato, nós, mal chegámos à câmara municipal, parámos com essa venda e passámos a ter um regulamento para atribuição de habitação social, com critérios objetivos, e aprovámos, recentemente, o concurso para a compra de 180 habitações sociais. Temos 120 famílias a serem apoiadas por um programa municipal, com apoio ao arrendamento. A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro viu aprovado um financiamento de 24 milhões de euros para reabilitar as 300 camas que tem e para construir mais 300. Temos notado de que há muita habitação a ser construída, por privados, no concelho de Vila Real e a perceção que temos é que todos estes movimentos, na lógica da oferta e da procura, possam trazer alguma estabilização no que diz respeito aos preços. Vila Real, apesar de tudo, está abaixo do Top10 das capitais de distrito com o preço por metro quadrado mais caro. O preço tem subido porque a procura tem aumentado e isso acontece porque, ao contrário do que é dito, o concelho tem uma dinâmica económica e social muito elevada. Há mais gente a procurar Vila Real para viver e para trabalhar e, nesta lógica, os preços acabam por subir. Se olharmos para a Pordata, nos últimos oito anos, o número de imigrantes duplicou, o mesmo acontece no que diz respeito ao número de crianças a frequentarem as nossas escolas.

A nível social, os pedidos de ajuda à autarquia têm aumentado? De que forma é possível ajudar os mais carenciados?

Em 2013 a ajuda às famílias era quase inexistente, mas hoje temos um conjunto de programas. Criámos a isenção do pagamento da água para famílias desempregadas, o Fundo de Emergência Municipal, o programa “Livros para Todos”, baixámos a fatura da água em 10% e hoje pagamos menos do que se pagava em 2013. Baixámos o IMI pela terceira vez na história do município, adotámos o IMI familiar, mantivemos o cartão para as famílias numerosas e não é por acaso que a câmara recebeu, mais uma vez, o galardão de Município Familiarmente Responsável. Importa destacar, ainda, que a partir de janeiro os transportes serão gratuitos para jovens até aos 23 anos. No fundo, temos capacidade para responder, de forma muito concisa e eficaz, a quem precisa, sabendo que os programas são, obviamente, paliativos porque as questões estruturais passam pela criação de emprego.

Olhando agora para o PEDU (Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano), estamos a falar de 17 milhões de euros que estão a ser aplicados para transformar Vila Real. Pode dizer-se que a cidade está mais amiga dos peões e menos dos carros?

No âmbito do PEDU fizemos um investimento na ordem dos 17,5 milhões de euros e julgo que é um investimento que revolucionou a cidade. Sabíamos que havia artérias que não eram intervencionadas há cerca de 100 anos e que eram necessárias políticas de planeamento urbano, mobilidade e transporte. Criámos um fio condutor, lançámos a concessão de transportes e estacionamento e o puzzle está quase concluído. Julgo que depois disso Vila Real será transportada para um novo paradigma, onde teremos uma cidade para todos e de todos e com segurança, onde o transporte automóvel, público, trotinetes e peões irão coabitar. Entre 2017 e 2023 foram intervencionadas mais de 50 ruas da cidade, ao que acresce a inauguração que faremos em breve dos dois meios mecânicos (elevadores), no Calvário e nos Ferreiros, a que se juntará, mais tarde, um terceiro, que vai ligar o Complexo de Codessais ao Parque de Campismo. Sabemos que as obras têm causado muitos transtornos, e pedimos desculpa por isso, mas julgo que no final os sacrifícios vão valer a pena.

E o que tem a dizer às pessoas que criticaram as obras na Avenida Carvalho Araújo?

Que o tempo nos veio dar razão, é só isso que tenho a dizer. É impossível agradar a todos, mas acho que transportamos a Avenida para a sua génese, para aquilo que foi criada quando ainda era Campo do Tabolado. Era o centro cívico, o centro de encontro, o centro histórico da cidade, onde as pessoas se encontravam para passear ou para festejar. Julgo que a transportamos para esse paradigma e nota-se que há mais gente na Avenida hoje em dia, só não vê quem não quer. Este investimento público trouxe muito investimento privado e já não falo do edifício onde funciona a Unidade de Saúde Familiar Nuno Grande ou do Hotel do Parque, que ninguém acreditava que, 40 anos depois, fosse possível de se concretizar.

A mobilidade é um desafio do presente e do futuro. A nova ponte entre a Avenida 1º de Maio e a Estação vai ajudar a melhorar a tráfego nesta artéria da cidade?

A mobilidade tem um problema e é importante ter consciência disso. A cidade é o que é, foi construída de uma maneira em que não foram deixados corredores. Em 1990, Vila Real tinha cerca de 300 carros por mil habitantes, hoje são mais de 650 carros por mil habitantes. Foi necessário mudar o paradigma e adaptar a cidade, que está encaixada no Vale do Corgo. O trânsito tem dois períodos críticos: entre as 8h00 e 9h00 e as 18h00 e 19h00. Penso que de resto, o trânsito flui com normalidade. O novo viaduto é uma solução para melhorar os fluxos de trânsito, mas temos consciência que não é a panaceia para todos os problemas de trânsito na cidade. Irá ajudar, mas não irá resolver tudo. Penso que será um projeto importante porque teremos uma ponte, em permanência, em dois sentidos, ao contrário do que acontece atualmente, em que a ponte funciona, alternadamente, num sentido.

O projeto já está aprovado. Quando poderá estar concluído?

Sim, o projeto já foi adjudicado. Temos a perceção que a obra será lançada no próximo ano. Não gosto de me comprometer com prazos, porque as obras não dependem só de nós, há vários fatores envolvidos, desde as condições climatéricas ou à capacidade da empresa em cumprir prazos. Ainda assim, julgo que a obra poderá estar concluída dentro de um ano e meio.

E a outra travessia entre a Vila Velha e o Meia Laranja. É mesmo para avançar?

Sim, essa é pedonal e tem um meio mecânico. É uma obra que já está garantida para o próximo quadro comunitário. Neste momento, estão a ser feitas prospeções geológicas. É um processo que está em andamento.

Outro projeto emblemático do executivo são as piscinas municipais, tratando-se de um investimento de 14,5 milhões de euros. As obras arrancam quando?

Esta obra já está publicada em Diário da República e penso que será adjudicada no primeiro semestre do próximo ano.

Olhando para o próximo ano. O Orçamento Municipal para 2024 já foi aprovado em reunião de câmara. Irá agora a votação em Assembleia Municipal. O que podem os vila-realenses esperar deste orçamento?

Podem esperar menos impostos municipais, os jovens terão IMT gratuito para a compra da sua habitação (até 250 mil euros), manteremos o IMI familiar, descemos o IMI pela terceira vez na história do município, estando 44% abaixo daquilo que é o teto, estipulado por aqueles que nos antecederam. O IMI tem sempre um mínimo de 0,3 e um máximo de 0,45 e só podemos mexer entre estes valores. Teremos financiamento para as piscinas municipais, para o viaduto que ligará a 1º de Maio à Ponte Metálica, para a conclusão do projeto das obras na Escola Camilo Castelo Branco, para acabar a Central do Biel, para acabar o Centro de Proteção Civil e todas as obras do aeródromo, para fazer um investimento de mais de quatro milhões de euros em pavimentações no mundo rural, para continuar a investir no saneamento básico, para manter todos os nossos programas na área da habitação e manteremos todos os programas desportivos, culturais e sociais do concelho de Vila Real e voltaremos a ter corridas em 2024. Direi que é um orçamento robusto e que, ao longo do próximo ano, todas as nossas promessas poderão ficar cumpridas.

Já se sabe em que moldes irão decorrer as corridas?

As corridas continuarão a ter provas internacionais, isso é o que quero garantir aqui.
Sobre o IMI, as críticas por parte da oposição não fazem sentido. É isso que quer dizer?
Na lógica da oposição fazem sempre sentido. A oposição sempre usou a mesma estratégia que é fazer propostas que aumentam a despesa e que é fazer propostas que diminuem a receita. Nunca disseram é o que é preciso mudar para acomodar aquilo que propõem nem nunca disseram o que é que deixaríamos de fazer para diminuir a receita. Se tenho 100 e passo a ganhar 80 há coisas que tenho de deixar de fazer. Se tenho 100 e gasto 120 passo a ter dívida. Fazer a quadratura do círculo é que não é possível.

Tendo em conta tudo o que foi dito até agora, o que é que Vila Real tem para oferecer a uma empresa que se queira instalar no concelho ou às famílias que se fixem aqui?

Acima de tudo, temos qualidade de vida. Depois, temos disponíveis vários níveis de ensino, temos segurança, temos natureza, temos uma rede de apoio social muito significativa e emprego. Para as empresas que se instalem aqui temos um regulamento municipal claro, transparente e objetivo de incentivo ao investimento, temos uma zona empresarial em construção, temos o Regia Douro Park e a UTAD, estamos próximos do Porto, de Espanha, do aeroporto Francisco Sá Carneiro, do porto de Leixões, de Braga, de Viseu. Temos excelentes condições para que famílias e empresas se possam aqui instalar. Vila Real é um concelho atrativo e isso vê-se nos investimentos feitos pelo Continente, pelos hospitais privados, pelo Aldi, pelo Lidl, pela Jom. Se estas empresas vieram para cá, por algum motivo foi.

Para terminar. Este é o último mandato enquanto presidente de câmara. Já não se poderá recandidatar. Como será o futuro? Poderemos ter Rui Santos candidato a deputado no Parlamento?

O meu futuro é até 2025. O meu objetivo é cumprir, integralmente, todos os compromissos que assumi com os vila-realenses, foi para isso que fui eleito. Foi para isso que os vila-realenses nos deram mais do dobro dos votos que deram à oposição e que nos deram a responsabilidade de governar 20 das 20 juntas de freguesia. A minha responsabilidade é cumprir todos os compromissos para com eles. O meu objetivo é deixar tudo em condições para que, no futuro, possa andar na rua com o sentimento de dever cumprido. Quanto a ser candidato a deputado, não é coisa que me tenha passado pela cabeça até ao momento.

O autarca diz que não está nos seus planos, para já, ser candidato a deputado da Assembleia da República




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