Muitos não sabem, mas Vila Real foi a primeira localidade do país a ter luz eléctrica. E é, exactamente, musealizar a primeira central eléctrica um dos projectos de longa data da autarquia. Embora não haja datas, Manuel Martins reforçou a vontade de reavivar a ideia e de fazer do futuro Museu da Electricidade uma das “antenas” do Museu do Douro.
A autarquia de Vila Real avançou com a criação de uma Rede Municipal de Museus que irá abranger não só os Museus de Arqueologia e Numismática, de Etnografia, de Geologia (UTAD) e do Palácio de Mateus, que já estão à disposição dos vila-realenses e visitantes, mas também os Museus do Som e da Imagem e da Vila Velha, os quais deverão abrir portas até ao final do ano, e o Museu da Electricidade, ainda em fase de projecto, segundo anunciou Manuel Martins, Presidente da Câmara Municipal vila-realense, na abertura do I Encontro de Museus do Douro.
“O Museu do Douro tem várias antenas, nos vários Municípios da região. Para Vila Real, a ideia é a autarquia adquirir a Central Hidroeléctrica do Corgo, conhecida como Central do Biel, para que ali surja um Museu, um espaço que conte a história da electricidade, em Portugal e em Vila Real, bem como a sua importância, para o desenvolvimento do Douro”, explicou o autarca.
Manuel Martins revelou que, “em tempos”, já entrou em contacto com dois dos herdeiros da central que se mostraram interessados em vender o espaço, acrescentando que já houve, mesmo, um “pequeno estudo”, para o local. No entanto, “a falta de verbas e de tempo” levou a que o projecto não saísse do papel.
O referido estudo avançava com a ideia de recuperar a central que deixou de funcionar antes da década de 40, pôr a funcionar o funicular que, na altura, subia a encosta, junto a essa central, e construir um café-concerto, nas margens do rio, criando, assim, “um espaço agradável, para a população”.
Na calha, está a apresentação do Museu do Som e da Imagem, um espaço que terá a sua sede física no Teatro de Vila Real e cujo projecto tomou dimensões que ultrapassaram as expectativas dos seus responsáveis.
“Já temos um acervo muito rico e que está, praticamente, concluído”, explicou Vítor Nogueira, da Culturval, empresa responsável pelos serviços de Cultura do Município.
O mesmo responsável revelou que as peças que serão incluídas no Museu incluem objectos como cadeiras e projectores utilizados no Teatro Circo (1892) e no Teatro Avenida (1931), duas casas de espectáculos vila-realenses, assim como um vasto arquivo audiovisual, entre muitos outros elementos, ligados à história do Som e da Imagem.
“O Museu ainda não abriu, porque começou a ganhar proporções interessantes, à escala nacional”, referiu Vítor Nogueira, adiantando que, até o final do ano, estará à disposição do público a primeira exposição de longa-duração do Museu, sendo de realçar que, também nessa altura, será revelado, a Vila Real e ao mundo, o espólio que contará a história da cidade, desde o seu nascimento até aos dias de hoje, com a inauguração do Museu da Vila Velha.
Antes denominado Centro de Interpretação Arqueológica da Vila Velha, o futuro Museu contará com a exposição dos cerca de seis mil elementos arqueológicos encontrados na zona mais antiga de Vila Real, pretendendo, ainda, “mostrar aos cidadãos como a cidade nasceu, como evoluiu e chegou aos dias de hoje”, revelou Manuel Martins.
Durante o Encontro, foi também apresentado o projecto de criação de uma Rede de Museus do Douro (MuD) que, como explicou o Director do Museu do Douro, Fernando Maia Pinto, “visa a criação de ligações entre diversas instituições que permitem mostrar o Douro, nas suas mais variadas luzes, nos mais variados sentidos, com os seus aromas e as suas cores”.
O Director do Museu explicou que a MuD não deverá circunscrever-se aos museus, podendo abranger, por exemplo, Quintas, miradouros e, mesmo, autarquias, “diferentes entidades culturais que desenvolvam a sua actividade na área da museologia e do património do território da Região Demarcada”.
Maria Meireles