Se, por um lado, o 25 de abril de 1974 marcou o fim do regime opressivo do Estado Novo (que não permitiria, por exemplo, que escrevêssemos hoje este artigo), por outro, o 25 de novembro de 1975 representou o fim de um período conturbado da nossa história, onde forças radicais de extrema-esquerda tomaram de assalto o país, muitos sonhando com a imposição da ditadura do proletariado.
Um tempo em que as ocupações eram lei, de casas e empresas. Em 1975, o Estado nacionalizou 1.300 empresas, num processo que teve em vista o controlo estatal dos setores estratégicos (e não só) da economia nacional. Os portugueses só viriam a conquistar a democracia e a liberdade a 25 de novembro de 1975, graças a um contragolpe que acabou por travar o avanço do comunismo, consolidar a democracia e acelerar a Constituição de 1976 e as primeiras eleições presidenciais nesse ano.
Apesar destas conquistas pelos portugueses, nem todos os povos do mundo desfrutam das mesmas liberdades. Em 1975, 62% da população mundial vivia em países não democráticos, de acordo com o Relatório Global sobre o Estado da Democracia. A partir de 1985, assistiu-se à queda de vários regimes autoritários graças, por exemplo, à queda do Muro de Berlim e à dissolução do regime soviético. Estes avanços democráticos permitiram tirar mais de 20% da população mundial de regimes não democráticos em 15 anos.
No entanto, esta tendência parou no século XXI. Desde 2000, a percentagem de população a viver em países com regimes opressivos nunca baixou para além dos 39%. Aliás, na última década tem-se verificado um aumento da população a viver em regimes autoritários ou híbridos (em parte decorrente também das taxas de natalidade mais elevadas em alguns destes países), tornando gradualmente o cenário mundial mais opressivo, enquanto estes regimes não forem derrubados. De 2015 para 2020, existem mais 6 países considerados anti-democráticos pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Social (International IDEA).
A história demonstra-nos que a liberdade não é um direito garantido. Devemos preservá-la, consolidá-la, robustecê-la. Devemos garantir os instrumentos necessários para evitar o regresso de qualquer tipo de totalitarismo e estarmos atentos a qualquer sinal de ameaça às nossas liberdades.