Apesar de ainda não ter cinco anos de existência, o trabalho que já operacionalizou no terreno não se pode contar apenas pelos dedos das mãos, pois as iniciativas são uma constante ao longo de todo o ano. Vão desde a organização de passeios pedestres, da Desfolhada Tradicional, da Mostra de Saberes e Culturas, às festividades em honra de S. Martinho, que todos os anos é seguida à risca pela agremiação, com sede na antiga escola primária de Justes.
O mentor da ideia para se avançar com a criação desta associação foi Bernardino Lopes, um professor de física da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), juntamente com a esposa, Ilda Lopes, também professora na área da matemática. Em 2006, decidiram procurar uma casa fora de Vila Real e depois de algumas pesquisas acabaram por encontrar o sítio ideal em Justes, uma aldeia que fica a menos de 10 quilómetros da cidade de Vila Real.
O professor recorda como surgiram os primeiros passos para a constituição da AD Justes. “Como já estava na aldeia há quatro anos, fui falando com várias pessoas que manifestaram o interesse em se avançar para a dinamização de algumas atividades. Inicialmente estávamos ligados à Assembleia de Freguesia, mas chegou-se à conclusão que seria necessário autonomizar este grupo da própria Assembleia, para que todas as pessoas pudessem aderir e não estivessemos ligados a um órgão institucional”.
Hoje, a AD Justes tem perto de uma centena de sócios e está mais viva do que nunca. Prova disso é a recente participação nas Marchas de Santo António, realizadas em Vila Real, e em que a associação esteve empenhada, juntamente com outras agremiações da zona, em representação da União de freguesias de S. Tomé do Castelo e Justes. Além disso, a 4 de julho realiza-se a II Mostra de Saberes e Culturas, que pretende voltar a reunir diversos grupos tradicionais, empresas locais, associações, produtores agrícolas, entidades oficiais, artesões (cesteiros, oleiros, sapateiros, entre outros). “Vai ser uma iniciativa muito diversificada, com animação musical, roteiros pedestres, partilha de experiências, onde a criatividade se alia à tradição para conjugar uma união de esforços entre as pessoas neste convívio que se repete um ano depois. Tivemos 40 stands e, nesta edição, esperamos que o dinamismo se mantenha”, sublinha o presidente da AD Justes.
“Terras de Maria Boa”
A tradição, inovação e desenvolvimento local levaram à criação da marca “Terras de Maria Boa”, que dá nome e embeleza os frascos das compotas e geleias e os sacos dos chás artesanais. Esta é ainda a principal fonte de receita da associação, para além de receber um subsídio da União de Freguesias, um valor residual que é distribuído por todas as associações.
Foi no final de 2010 que se avançou com a produção de compotas, que é feita praticamente a “custo zero”, uma vez que são as pessoas que utilizam a sua energia em casa e o açúcar, que se junta aos frutos da época para fazer as compotas e geleias, que depois são tratadas, embaladas e etiquetadas, prontas para serem comercializadas. A variedade é muita e os produtos podem ser encontrados à venda na loja Traga Mundos (Vila Real), em Murça na loja que vende produtos da Adega Cooperativa e da Associação de Olivicultores, nas Tapas da Vila (Alijó), no restaurante Gonçalo (Justes), na sede da ADJ, e participam em várias feiras que se realizam pela região. “Os preços não são competitivos como os da produção industrial, mas a qualidade também não é comparável”, destaca Ilda Lopes.
Para o futuro, Bernardino Lopes pretende continuar a executar estratégias e projetos sustentáveis de base territorial e o grande objetivo será criar um núcleo museológico, ligado ao volfrâmio, de forma a dinamizar a aldeia como destino turístico, e a recriação de atividades e vivências tradicionais.