Foram 33 anos de existência assinalados pelo Grupo de Montanhismo de Vila Real, no dia 14, com uma marcha comemorativa de aniversário ao Marão, onde colocaram uma placa, batizando aquele local de “Colo Belo”, por ser um sítio tão “interessante e emblemático”.
Corria o ano de 1983, quando um grupo de treze pessoas que partilhavam um gosto exorbitante pela natureza aliada ao desporto resolveu organizar-se e partir à descoberta das mais belas paisagens, através da aventura proporcionada pela escalda.
“Já chegamos a ter mais de cem participantes nos nossos eventos. Agora é normal as pessoas serem mais autónomas nos seus passeios. Ainda assim, temos muitos estudantes e alunos de Erasmus que nos procuram, apesar de depois irem embora”, constatou Carlos Gomes, presidente da associação, referindo que o clube está sempre aberto a novos interessados, basta gostar da natureza e de praticar exercício físico. Atualmente, o praticante mais velho deve ter cerca de 70 anos e os mais novos, que costumam acompanhar os pais, oito ou nove anos.
Com sede no Parque Corgo, em Vila Real, o clube dedica-se à promoção e organização de atividades de montanha, sobretudo, a marcha, a escalada em rocha e o alpinismo. “Algumas mais fáceis, outras mais difíceis, mas não impossíveis. O lema é que toda a gente pode experimentar. Os técnicos garantem as condições de segurança”, disse o dirigente.
O seu currículo estende-se ainda à organização de diversos encontros nacionais de montanha e de escalada, sobressaindo as expedições a regiões montanhosas como os Alpes, Pirenéus, Andes, Atlas, Picos da Europa, Gredos, e muitos outros.
“No estrangeiro temos preferência por Espanha, têm condições espetaculares, estão muito bem equipadas e há muita gente com a qual podemos aprender. Gostávamos de ir ao Evereste, mas não há dinheiro”, disse David Gomes, membro da direção do clube, acrescentando que há zonas brutais para escalar em Portugal, “mas ou se demora várias horas pela estrada nacional ou se gasta muito dinheiro pelas autoestradas”, ao contrário de Espanha, “onde não se paga nada”.
“Ganhámos prestígio local e há muitas pessoas que gostam de participar. É aberto a toda a gente, embora assente na especificidade do montanhismo e na escalada”, concordaram ambos, referindo que a associação tem estendido a sua atividade no apoio formativo a escolas e colaborado em ações de resgate sempre que são solicitados.
Espaços para promover a escalada
Segundo os dirigentes, a prática da escalada em rocha requer sempre duas pessoas, uma para escalar e outra para auxiliar na segurança. Além disso, o material necessário é muito caro.
David Gomes teve o seu primeiro contacto com a modalidade na Covilhã, onde conheceu um grupo de jovens que praticava em estruturas indoor, ou seja, no interior de um espaço. “Em Vila Real não temos essa componente, que é o básico para darmos os primeiros passos. Também se pode começar na rocha, mas é preciso material e conhecer alguém com a devida experiência, além de termos de dominar a técnica”, explicou o jovem.
Com a chegada do inverno praticamente ninguém vai escalar para as Escarpas do Corgo. Assim, tais vias de escalada natural situadas em zonas de grandes oscilações climatéricas, deixam que a natureza cumpra o seu papel e vá replantando a sua flora. Por tal, os acessos às vias têm de ser limpos todos os anos.
“O ideal seria que existisse a tal estrutura indoor, que é uma velha reivindicação nossa, que possibilite aos jovens treinos durante todo o ano para que não baixem as suas performances desportivas. É mais controlado, seguro e permite evoluir”, disse Carlos Gomes, esperando que, um dia, um grande armazém situado no parque florestal, possa ser utilizado para acolher diversas atividades desportivas.