E dá como exemplo o projeto da associação para alargar o lar. “Aqui na região somos os únicos com lar para pessoas com deficiência e incapacidade. As 14 camas estão ocupadas e temos uma lista de espera de 90 pessoas, com pedidos vindos de vários pontos do país. Recentemente, fizemos uma candidatura ao PARES 3.0 (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais 3ª Geração) para ser feito um alargamento no lar, com mais 16 camas. No meio de tanta burocracia, faltaram dois papéis e não fomos escolhidos. Agora temos que esperar por um novo programa”.
Carlos Varela vai mais longe e confessa que “os decisores deviam passar um dia connosco ou deviam precisar que alguém lhes desse comida à boca, por exemplo, para verem o que estas pessoas passam e as suas necessidades”.
O presidente da APCVR acredita que “a mentalidade das pessoas quanto a este tema está muito melhor, até porque no meu tempo não se falava de deficiência, essas pessoas não saíam de casa. Ainda assim, há um longo caminho a percorrer”.
Um dos exemplos está nas empresas, com muitas delas a contratarem alguém com deficiência “só porque recebem apoios por isso”. Depois na formação, com Carlos Varela a defender “o ensino de língua gestual nas escolas” porque “muitas destas pessoas não falam e numa simples ida ao hospital, por exemplo, há muita dificuldade em comunicar com os serviços”. E aproveitando a intenção de se criar um curso de medicina na UTAD, o mesmo responsável reforça que seria, também, importante apostar “num curso de terapia ocupacional, até porque há, no país, pouca oferta nesta área”.
Quanto às acessibilidades, Carlos Varela admite que “Vila Real está a melhorar, mas ainda há muito para fazer”.
“Basta olharmos para os prédios. Em muitos deles é preciso entrar pela garagem porque tem uma rampa muito inclinada”, lamenta, não aceitando que “exijam licenças para tudo, mas não há nenhum documento sobre o cumprimento ou não da acessibilidade”. E até na restauração “as mesas não cumprem a distância exigida por lei e o mesmo acontece com as casas de banho, em que as cadeiras de rodas não cabem na maioria”.
Reeleito em dezembro de 2023 para um novo mandato como presidente da APCVR, Carlos Varela não esconde que o cargo “exige tempo e disponibilidade” e admite que “a deficiência propriamente dita é como uma torneira a pingar, cada vez há mais casos”.