Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
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Urbano Miranda
Urbano Miranda
Presidente da Associação Comercial e Industrial de Vila Real

“As empresas vão mostrar a sua capacidade de resiliência”

Perspetivar aquilo que pode vir a ser o ambiente empresarial para 2024 é um exercício verdadeiramente difícil.

O mundo vive um tempo que todos julgávamos pertencer ao passado, uma guerra na Europa com graves repercussões, o desenhar de uma divisão do mundo, em que para um lado pendem os regimes democráticos e para o outro os regimes autocráticos, o que cria condições para o nascimento de tensões quer de caráter militar quer de índole comercial, com evidências cada vez mais claras de podermos voltar para trás na aplicação de políticas transformadoras de um mundo cada vez mais globalizado para um outro dividido em blocos, em que cada um deles olha o outro com permanente e sistemática desconfiança.

A agudizar a situação, deparamo-nos com o início de uma guerra no Médio Oriente, que caso se alastre para países como a Síria e o Irão, poderá trazer outro foco de instabilidade, neste caso, numa importante zona de produção petrolífera, com impactos previsivelmente negativos no preço do petróleo e consequentemente em toda a cadeia de produtos e serviços.

A realidade até agora forçou a inflação para taxas preocupantes, levando o Banco Central Europeu a subir sucessivamente as suas taxas de referência, com impactos brutais nas taxas de juro pagas pelas famílias, como no crédito à habitação, devido ao peso relativo que esta despesa tem no rendimento disponível. Aquilo que vale para as famílias vale também para as empresas que para se financiarem veem o crédito ser cada vez mais caro.

Estas são as variáveis mais óbvias que podem impactar a economia. A nível nacional, o governo tem procurado diminuir os impostos sobre os produtos petrolíferos e tomando medidas de controlo sobre o preço da energia, vamos ver até quando. Interveio também no apoio às famílias através da adoção de medidas paliativas de apoio à prestação da casa, que mais não são do que o empurrar com a barriga problemas que a não serem solucionados irão impactar, mais para a frente, fortemente a capacidade das famílias, principalmente das mais vulneráveis. Tudo isto parece um ‘deja vu’.

Ainda assim, espera-se um crescimento da economia ainda que tímido, com as micro, pequenas e médias empresas a encarar as adversidades e a mostrar a sua enorme capacidade de resiliência, continuando em busca da excelência, na procura de novos mercados, na aposta na inovação, na criação de postos de trabalho. Em suma, na contribuição positiva, para o desenvolvimento do país.

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