Os elevados números registados ao nível da concentração de ozono, em 2005, no Alvão, motivaram a realização de um projecto, coordenado pela UTAD, o qual vai agora proceder ao lançamento de balões meteorológicos que viajarão 30 quilómetros, em altura, a fim de fornecer informações sobre a “produção e/ou transporte do ozono troposférico”. De registar que, este ano, os valores de concentração deste poluente secundário, no Alvão, diminuíram, o que se pensa seja devido às temperaturas mais amenas e à redução do número de incêndios.
Durante a última semana deste mês, deverá ter início o lançamento, a partir da Delegação de Vila Real do Instituto de Meteorologia, de 17 balões que subirão a 30 quilómetros de altura, enviando informação que complementará os dados obtidos no âmbito do projecto que, denominado “Poluição atmosférica fotoquímica no Nordeste Transmontano: origem, transporte e poluição”, está a ser levado a cabo por várias instituições, entre as quais a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
Margarida Correia Marques, investigadora da UTAD e coordenadora do projecto, esclareceu-nos que “seis dos 17 balões, para além de fazerem a mediação das várias variantes meteorológicas (temperatura, velocidade e direcção do vento), vão ter sensores de ozono”, com o objectivo de analisar a “modelação da produção e/ou do transporte do ozono troposférico”.
De recordar que o projecto que une investigadores da UTAD, as Universidades de Aveiro, Nova (Lisboa) e Fernando Pessoa (Porto), o Instituto Politécnico de Bragança e o Instituto de Meteorologia foi iniciado, em Dezembro de 2005, com o objectivo de trazer respostas ao fenómeno de concentração de ozono nas zonas de montagem, em especial sobre aos valores registados na estação de medição da qualidade do ar de Lamas d’Olo, em pleno Parque Natural do Alvão, onde não há indústrias, os índices de tráfego são reduzidos e há pouca poluição atmosférica, factores que, associados ao forte calor, são tidos como responsáveis pelas elevadas concentrações de ozono. Este poluente pode causar tosse, dores no peito, dificuldade de respirar e irritação nos olhos, nariz e garganta, principalmente junto de pessoas mais debilitadas, nomeadamente crianças, idosos e doentes do foro respiratório.
Segundo dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do Norte (CCDR-N), este ano, até à primeira semana de Agosto, a estação de Lamas d’Olo registou 12 horas de concentração de ozono superior ao habitual, um valor muito inferior ao de anos anteriores.
Em 2005, ano em que foram batidos todos os recordes, o mesmo equipamento chegou a registar “mais de 300 vezes o limiar de informação ao público, ou seja, valores superiores a 180 microgramas, por metro cúbico de ar, e, por várias vezes, o limiar de alerta máximo (240 microgramas, por metro cúbico de ar), sendo ainda de realçar que enquanto, nos últimos dois anos, as situações mais críticas começaram em Abril, este ano os primeiros registos aconteceram, apenas, em Julho.
“Já temos muita informação e estamos a afinar pormenores que podem responder a algumas dúvidas levantadas”, explicou Margarida Correia Marques que, apesar de não levantar mais o véu sobre os resultados do projecto que decorre, na sua fase experimental, até ao mês de Setembro, esclareceu que as justificações para a redução dos registos de concentração de ozono, em Lamas d’Olo, podem passar pelas condições meteorológicas mais amenas, nesta altura do Verão, e com a redução do número de incêndios florestais.
Segundo a investigadora da UTAD, as medições feitas através do lançamento dos balões vêm completar as informações já obtidas, através de vários outros tipos de medições e análises comparativas, entre os quais a instalação de dispositivos de medição contínua que teve lugar, durante a semana passada, com o objectivo de estudar o “efeito das brisas de montanha”.
Os balões meteorológicos deverão ser lançados durante a última semana de Agosto, dois por dia, um durante o dia e outro à noite, e, para além de estarem equipados com sondas de ozono e de variáveis meteorológicas, contarão com “rádio sondas GPS” que permitirão o envio das informações.
“Conseguiremos ver o percurso dos balões, até estes rebentarem, a uma altura aproximada de 30 quilómetros”, explicou Margarida Correia Marques.
Maria Meireles