Os sinais físicos ainda hoje são visíveis. Uma das casas derrubadas pelos morteiros continua esboroada, e as paredes do antigo posto da Guarda Fiscal ostentam, até hoje, marcas de balas. O episódio marcou Cambedo, já que quatro pessoas morreram e uma ficou ferida, além de cerca de 20 habitantes terem sido detidos. A população passou a ser recriminada, o que, a par da repressão do regime, fez com que, durante anos, não se falasse do assunto.
Mas se antes havia algum pudor em discutir esta autêntica batalha, agora a bravura e coragem do povo de Cambedo são enaltecidas, nomeadamente pela Assembleia da República (AR), que aprovou, este ano, um voto de congratulação à população. Já em junho foi inaugurado um memorial, que congratula a “solidariedade, altruísmo e coragem” de que a comunidade deu provas “no acolhimento de ‘fuxidos’ do regime franquista”.
A “memória, heroísmo e sofrimento” das pessoas que foram, de algum modo, vítimas “da trágica operação militar levada a cabo pelas polícias espanhola e portuguesa” são enaltecidas no monumento. A homenagem foi proposta por uma petição entregue no Parlamento, que pedia “o direito à memória, à verdade e ao ressarcimento ético da comunidade”.
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