Ninguém sabe o que aconteceu ao animal durante o tempo em que esteve desaparecido e como fez o percurso até à aldeia do distrito de Bragança, apenas que foi o facto de ter chip de identificação, e de alguém se lembrar de verificar, que permitiu saber a sua origem e entregá-lo aos donos.
“A gente rezava todos os dias para que ele voltasse para casa”, contou à Lusa Tina Riley, a dona do Scruffy, que viu as preces atendidas na terça-feira à noite, quando uma senhora lhe ligou a perguntar se o cão era dela.
A família quis viajar imediatamente de Cabeceiras de Basto para Carrazeda de Ansiães, mas já era tarde. O reencontro ocorreu na manhã seguinte, a mais de 100 quilómetros de casa, na aldeia de Pinhal do Norte, em Carrazeda de Ansiães.
Foi o chip que permitiu o regresso a casa e, sobretudo, alguém ter-se lembrado de verificar se o animal tinha este dispositivo de identificação.
Tina Riley vive num local isolado, próximo de Cabeceiras de Basto, e não sabe como é que o cão desapareceu da propriedade da família.
Com o confinamento devido à pandemia covid-19, muita gente passou a andar a pé naquela zona e o animal habituou-se a ir atrás das pessoas, como contou a dona à Lusa.
Não sabe se se perdeu ou se foi levado por alguém, apenas que desde janeiro que o Scruffy estava desaparecido.
O cão está há sete anos com a família que o recolheu, em Castro Laboreiro, no distrito de Viana do Castelo, durante uma férias de verão, em que verificaram que dormia no estacionamento do hotel onde estavam hospedados.
Decidiram levá-lo para casa e confirmaram que não tinha dono numa ida ao veterinário, que atestou a ausência de chip e lhe colocou o dispositivo com a informação da nova família.
Mais tarde adotaram uma cadela, também abandonada, e “foi amor à primeira vista” entre os dois, segundo a dona, que fala na emoção do reencontro depois da ausência de dez meses.
Como é que o Scruffy apareceu a mais de cem quilómetros de casa é um mistério que ficará por desvendar.
O animal apareceu há alguns dias junto à aldeia transmontana de Pinhal do Norte, e foi acolhido por uma família da zona.
A associação local ALDEIAVERDE já está habituada ao abandono de animais nesta área, por a aldeia se encontrar junto de um nó do IC5, o itinerário que liga ao Porto e a Bragança, como contou à Lusa Luísa Vila Real, membro desta coletividade.
A associação soube da situação e como tem um leitor de chip decidiu falar com os que o acolheram e convencê-los a deixar fazer a leitura que confirmou que o cão estava chipado e registado, segundo contou.
“E saiu o jackpot canino ao Scruffy e aos seus donos”, lê-se numa publicação da página do Facebook da associação que permitiu o reencontro dez meses depois do desaparecimento de casa.
“Foi emocionante o reencontro, o cão imediatamente reconheceu os donos”, segundo Luísa Vila Real que garante a experiência que têm na associação permite-lhes “identificar quem está a sofre com a separação”.
Luísa considera que este caso permite “realçar a importância das protetoras dos animais e das associações” e “acima de tudo, a importância da colocação do chip”.
Por isso, a associação tira também uma lição desta história com um final feliz e deixa um alerta a todos os donos de animais domésticos: “coloquem o chip nos vossos animais SEMPRE”.