Margarida Felgueiras, responsável pelo Centro de Memória da Educação de Murça (CITRIME), revelou à VTM que está a ser preparado um livro sobre a história da educação na região. “A ideia foi salvaguardar a memória da educação desta região, porque dentro de todas as heranças culturais que há, a da educação é aquela que se dá menos importância, porque se saber muito pouco sobre a sua evolução. Há muitas heranças dessa educação passada e, muitas vezes, as pessoas não tem consciência que condiciona o próprio desenvolvimento da educação de hoje”.
“Sabemos que são trabalhos lentos, demorados, mas é um perigo não se fazerem”
Margarida Felgueiras, CITRIME
A professora lembrou que “não há presente, nem futuro, sem passado”. Portanto, “são criadas mitologias acerca das coisas, porque não há estudos. Por exemplo, tanto se tem falado da separação entre sexos nas escolas, mas antigamente havia muitas aulas mistas, havia crianças e adultos na mesma escola a estudar. E o livro vai mostrar uma realidade que é mais forte do que a legislação”.
Apesar das dificuldades para a investigação, Margarida Felgueiras refere que há perigos em não se fazerem estudos aprofundados. “Sabemos que são trabalhos lentos, demorados, mas é um perigo não se fazer, porque o passado está presente e se nós não o conhecermos, ele pode voltar ao de cima, em formas falsificadas, enganadoras, utilizadas para diversos fins e não são propriamente para o esclarecimento e a cidadania que procuramos com a educação”.
“Permite-nos fazer uma comparação da educação não só em Murça, mas no país todo”
Vilma Pereira, vereadora CM Murça
Para além das inúmeras atividades que está a desenvolver, o CITRIME está também a preparar um livro sobre vidas dedicadas à educação, porque “é preciso reconhecer a competência, a dedicação de muitos professores ao longo do tempo. É uma profissão que precisa de ser acarinhada, porque é fundamental na construção das gerações futuras”.
Vilma Pereira, vereadora da câmara municipal, sublinhou que “é um orgulho” para Murça ser alvo deste estudo sobre educação ao longo de 200 anos. “É importante partilhar todas as investigações não só com a nossa gente, mas também para fora. Enquanto município, permite-nos fazer uma introspeção do que foi o desevolvimento da educação no concelho. Por exemplo, os investigadores estão a fazer uma recolha sobre como era a educação no tempo em que eu estudei, mas também a minha mãe, os meus avós. Tudo isto pode ser do conhecimento público, permite-nos fazer uma comparação da educação não só em Murça, mas no país todo”, frisa.
O colóquio foi organizado pelo CITRIME em parceria com a Câmara de Murça e abordou muitas outras temáticas, como os jogos no recreio, que escolas existiam, o papel das autarquias no ensino, entre outros.[/block]