Terça-feira, 14 de Janeiro de 2025
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Comerciantes à espera das compras de última hora

O Natal é uma época do ano importante para o comércio.

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As prendas no sapatinho não podem faltar, por isso, os lojistas fazem também um esforço para atrair mais clientes. A qualidade e o atendimento personalizados são os trunfos usados pelo comércio local, mas com a inflação a fazer disparar os preços dos produtos, os empresários temem que os clientes fechem os cordões à bolsa e limitem os gastos nesta quadra.

Carla de Oliveira reconhece que nesta época do ano há um aumento da procura, mas diz que, na loja Loukuras Kids, “este ano, essa procura diminuiu significativamente em relação ao ano passado” e entende que “as pessoas estão com bastante receio do que vem por aí, em 2023”. No entanto, tem alguma esperança para os próximos dias. “As pessoas deixam um pouco para a última da hora, sempre foi assim e penso que se manterá”. Na loja de roupa, o produto, por ser mais prático, é muitas vezes a escolha dos clientes. “Penso que é uma boa prenda e útil. Bastantes pessoas optam por oferecer roupa”.

“Este ano a procura diminuiu significativamente em relação ao ano passado, mas as pessoas deixam um pouco para a última da hora, sempre foi assim”
CARLA DE OLIVEIRA, Comerciante

O Natal, e outras festas, assim como o verão, são épocas altas e “têm de ser mesmo muito bem aproveitadas”, afirma a lojista. Apesar da apreensão, tem esperança que o cenário seja mais animador. “Estou com algum receio. As notícias estão a alarmar as pessoas, mas esperemos que melhore”, acreditando que a atenção dispensada ao cliente pode fazer a diferença. “As pessoas gostam de vir aqui porque fazemos um atendimento personalizado, mesmo quando há muita gente. O cliente gosta disso e acho que, também por isso, o comércio de rua tem de ser muito valorizado”.

Segundo João Mota, a procura “está fraca”. “As pessoas normalmente deixam para a última”, pelo que espera que esta semana “melhore um bocado”. Na sua sapataria, algumas pessoas procuram presentes para as crianças da família. Na hora de comprar afirma que “há pessoas que não olham ao preço, valorizam a qualidade, mas muitos clientes tentam comprar o mais barato”.

“As pessoas não têm poder de compra e vêm pouco. Ainda dão uma prendinha, mas mais pequena”
VIRGÍNIA MADEIRA, Comerciante

Também para Virgínia Madeira as vendas para o Natal estão “fraquinhas” e “cada ano é pior”. “As pessoas não têm poder de compra e não vêm”, afirma. Na ourivesaria Nobreza, as pessoas ainda compram algumas peças para oferecer no Natal, mas tentam selecionar as mais baratas. “As pessoas ainda dão uma prendinha, mas mais pequena, uma pulseirinha, ou um fio fininho de ouro. O que dão mais é prata, mas as pessoas usam menos”. Além disso, o preço do ouro e da prata “subiu muito”. Por outro lado, acredita que as pessoas se “habituaram a comprar pela internet”. Também nesta área de negócio “é mais na última semana que há movimento. Já o ano passado assim foi”. Não sendo um bem de primeira necessidade as pessoas fazem mais contas e “optam por coisas que lhe fazem mais falta”.

COMPRAS NO COMÉRCIO LOCAL

A Associação Empresarial do Alto Tâmega – ACISAT espera que esta quadra possa contribuir para dinamizar as empresas locais e, apesar de alguma apreensão, tem boas expectativas para esta época.

“Acredito que a quadra natalícia vai correr de feição, cada vez mais os flavienses preferem comprar aqui. São bem atendidos, assim como quem nos visita e vem de fora e Chaves está também a tornar-se cada vez mais turística e os próprios turistas gostam de aqui comprar”, afirma Vítor Pimentel, presidente da ACISAT.

“Depois de termos passado por uma pandemia e por ser o primeiro Natal sem qualquer tipo de restrições, em que as pessoas se juntam mais, acreditamos que as coisas vão correr bem para o comércio”, reitera. Apesar do otimismo, o dirigente admite que “pela conjuntura, as perspetivas nunca são as melhores, há uma guerra e uma inflação altíssima”.

“Temos determinados momentos que funcionam como dínamos ou balões de oxigénio, para nos irmos aguentando e a altura de Natal é uma delas”
VÍTOR PIMENTEL, ACISAT

O presidente da ACISAT acredita que “o português deixa tudo para a última da hora” e sublinha que há “determinados momentos que funcionam como dínamos ou balões de oxigénio, para nos irmos aguentando, e a altura de Natal é uma delas”. Por isso, deixa um apelo aos flavienses para que façam as suas compras no comércio local.

“Toda a comunidade tem de estar unida para que a economia local funcione e é isso que todos, cidadãos, comerciantes e empresários, procuram fazer. Acho que quem é de Chaves, e quem gosta de Chaves, deve fazer a maioria das suas compras aqui, porque são os nossos comerciantes e os nossos empresários que geram emprego e colocam a economia a funcionar. Um apelo que deixo é que comprem em Chaves, porque há uma oferta enorme. Não há nada que se encontre numa outra cidade que não se encontre nas ruas de Chaves. E com um atendimento mais personalizado e mais qualidade. Isso marca a diferença”, sustenta.

A associação está a promover a dinamização do comércio local, apostando na animação de rua com figurantes e incentivando a decoração dos estabelecimentos, nomeadamente através do concurso de montras de Natal, que vai atribuir prémios entre os 100 e os 500 euros às três melhores montras.

Quanto às perspetivas para o próximo ano, fala de uma fase de grandes incertezas. “Estamos a mudar de quadro comunitário, temos um PRR que tarda em chegar a quem precisa e às empresas chega muito pouco. O ano de 2023 é visto com grande apreensão, porque não há um sinal do que vai acontecer. De uma coisa temos a certeza, o estado de inflação que estamos a atingir torna-se insustentável e quando assim é, algo tem de ser feito”, conclui.

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