Vender património para pagar penhoras e libertar vinhos que estão também penhorados é o objectivo principal da Direcção da Casa do Douro, com a venda de armazéns, destilarias e outras instalações da instituição, cujo processo entrou, agora, numa fase mais visível.
A venda mais emblemática, até agora, ocorreu com as instalações do Pinhão, situadas na zona ribeirinha. Negócio já concretizado e que pode trazer, para os cofres da CD, milhares de euros.
Ao que apurámos, uma equipa de advogados, ligado ao grupo Carlos Saraiva que possui, no Pinhão, a unidade hoteleira “CS Vintage House”, acordou com a CD a venda de todo o espaço que pertencia ao organismo: imóvel, cubas e casa do responsável pelas instalações. Também o edifício de Favaios já foi vendido, bem como o de Carrazeda de Ansiães. Mas, neste caso, negociado com a Câmara Municipal local, além de dinheiro, a CD recebe um terreno de cerca de mil metros quadrados, na zona industrial desta vila. “São instalações desaproveitadas de que não precisamos e que também representam um património ligado à história da região e que pode ser mantido ou recuperado. Realizamos dinheiro e, ao mesmo tempo, podemos investir noutros equipamento, como fazer frente a outras despesas e dívidas” – disse uma fonte da Direcção da Casa do Douro.
À venda, estão, também, os armazéns e as destilarias do Corgo (Régua), Fontelo de S. Domingos (Armamar), Barro (Resende) e Tua (Carrazeda de Ansiães). Contudo e ao que consta, “não tem havido muita procura nem interesse dos operadores na compra deste património” – conforme nos confessou a mesma fonte. Na calha, a seguir, estão as instalações do antigo Grémio da Lavoura de Sabrosa, pertencentes à Casa do Douro. O interesse da aquisição é da edilidade de Sabrosa que pretende instalar ali um Posto de Turismo. Porém, o processo negocial entre o município duriense e a Casa do Douro, CD, está num impasse. E a culpa é segundo o Presidente da autarquia de Sabrosa, José Marques, da Casa do Douro.
“Lamentavelmente, o processo não desata. Há contactos com a Casa do Douro, tivemos algumas reuniões e a CD ficou de nos apresentar uma contraproposta, mas, até à data, não fez tal. Neste âmbito, não posso continuar à espera de quem não chega”.
Por sua vez, o Presidente da Casa do Douro, Manuel António dos Santos, desdramatiza este impasse e salienta que tudo é uma questão de tempo: “há vontade de ambas as partes e estou ciente de que se vai encontrar uma solução” – garantiu.
Refira-se que o património, em Vinho do Porto, num volume de 40 milhões de litros, está avaliado em cerca de 225 milhões de euros. Quanto à dívida total, ascende a 125 milhões de euros. Destes, 85 milhões são devidos a um sindicato bancário, liderado pela CGD, dívida avalizada pelo Estado, em 1997. 27 Milhões de euros são relativos a um empréstimo ao BPN, para escoar vinhos excedentes de 1999, 2000 e 2001. E, como garantia, a CD deu como penhor cerca de 40 mil pipas e a própria sede.
Jmcardoso