Quais são as duas grandes prioridades que defendem para o distrito?
Produzimos 46% da energia hidroelétrica nacional, porém, somos a região com o maior índice de pobreza energética. É imperativo regular o mercado – a nossa população deve ter energia mais barata, através da redução do IVA da eletricidade, da partilha de lucros e do pagamento do IMI e das rendas das barragens do Douro, Sabor e Tua por parte das energéticas. Temos de melhorar o acesso à saúde no distrito e isso implica fortalecer as infraestruturas, promover a prevenção, valorizar o trabalho e atrair profissionais para a região. Para chegar a uma população carenciada, envelhecida e dispersa, propomos modelos de descentralização, com reforço de equipas comunitárias, incentivo à telemedicina e aposta no transporte acessível, envolvendo as autarquias numa lógica de complementaridade. Defendemos a reabertura do serviço de urgência cirúrgica do Hospital de Mirandela. É necessário apostar na saúde mental, combater o isolamento e a solidão.
A perda de população continua a ser um grave problema do interior do país. O que se pode fazer para combater este flagelo?
É urgente criar condições para que viver no interior seja uma escolha com futuro. Isso passa por garantir serviços públicos de qualidade em todas as freguesias, acesso à habitação a preços justos, redes de transportes funcionais, ligação digital de qualidade e emprego com direitos. Também é fundamental atrair e fixar jovens e migrantes através do acesso à habitação, integração cultural, ensino da língua e oportunidades profissionais dignas.
Como atrair investimento para a região?
É necessário um modelo de desenvolvimento que respeite o território e valorize os seus recursos. O Bloco propõe a reabilitação do complexo do Cachão, o apoio à agricultura sustentável, a valorização da cultura e dos recursos naturais locais e uma gestão energética justa, com o pagamento que nos é devido dos impostos e venda das barragens e energia mais barata para quem vive na região. A criação de emprego deve estar ancorada num tecido económico diversificado e ligado à transição climática, digital e social. As pessoas só vêm para a região se tiverem bons serviços públicos e o Bloco tem como uma das principais bandeiras a defesa dos nossos serviços públicos. Por fim, a defesa da língua mirandesa. Achamos importante que a verba que apresentámos no OE e aprovada dê seguimento e assim promover a língua mirandesa.
Nos últimos tempos tem-se visto que a linha aérea tem uma grande importância para a região. Como impedir que esteja tantas vezes suspensa?
A ligação aérea tem valor estratégico para a ligação do distrito aos centros urbanos do país. No entanto, a sua instabilidade mostra a necessidade de um serviço público com garantia de continuidade. O Bloco defende que este tipo de ligação não pode estar dependente de interesses privados e deve ser enquadrado numa política nacional de mobilidade coesa, com contratos públicos que assegurem regularidade, preço justo e sustentabilidade ambiental.
Tem-se falado que Bragança será ponto de passagem da linha de alta velocidade entre Porto e Madrid. Acredita na sua concretização? Que vantagens terá para o distrito?
O Bloco vê com cautela promessas que tardam há décadas. Para nós, é fundamental que o plano de mobilidade do Tua seja uma realidade, é uma dívida do estado central à nossa região. No entanto, consideramos que a concretização desta linha pode representar uma oportunidade real para Bragança, desde que sirva as populações locais e não apenas interesses de circulação internacional.