A serviço do rei de Castela, Carlos I, Magalhães planeou e comandou a expedição marítima que efetuou a primeira viagem à volta do globo. Foi ainda o primeiro a alcançar a Terra do Fogo, no extremo sul do Continente americano, e a cruzar o Oceano Pacífico.
Durante o congresso internacional “A viagem de Fernão de Magalhães. Diálogos Interculturais, Científicos e Intertextualidades”, José Manuel Garcia, do Gabinete de Estudos Olisiponenses, defendeu que Magalhães foi um herói e justificou a sua visão sobre
“Ele fez a maior e mais difícil viagem do mundo e da história, porque ele conseguiu descobrir metade do mundo”
José Garcia, Gabinete de Estudos
Olisiponenses
o navegador. “Foi um dos homens capaz de realizar um feito que nunca ninguém tinha realizado. Ele fez a maior e mais difícil viagem do mundo e da história, porque conseguiu descobrir metade do mundo. Foi só isso”, revela entre sorrisos, adiantando que, a partir daí, ele permitiu dar a conhecer o mundo. “Com a sua resistência, contra tudo e contra todos, ele teve de enfrentar as tempestades, a fome, as pestes, e com grande coragem. Teve a tenacidade de não voltar para trás. Enfrentou o desconhecido, mares nunca antes navegados, por isso é um grande herói”, reitera.
Questionado sobre se já foi reconhecido pelos seus feitos, o investigador afirma que “sim”. “Há um consenso do valor e da importância que ele tem, mas deveria fazer-se muito mais. Defendo que deveria haver um memorial que permitisse às pessoas olhar para esse homem e recordar a memória que está viva, porque ele é imortal. Hoje estamos aqui a falar dele e continuaremos a falar, mas é preciso mais. Nem todas as pessoas do mundo conhecem Fernão de Magalhães, mas pelo menos deveriam conhecer uma frase: “Foi graças a Fernão de Magalhães que o mundo ficou conhecido tal como ele é”.
LIGAÇÃO A SABROSA
Onde nasceu Fernão Magalhães? Não se sabe ao certo, mas parece ser unânime entre os investigadores que era um homem do Norte de Portugal.
José Marques, presidente da Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de
“Sabrosa sempre acarinhou e valorizou Fernão Magalhães, como se ele fosse de cá.”
José Marques, presidente da Estrutura
de Missão
Circum-Navegação de Fernão de Magalhães, diz que o mais importante é aproveitar o legado que nos deixou. “Ele era português, era do Norte, mas o mais importante é percebermos, com base no seu legado, de que forma todos nós poderemos utilizar esta referência. Isto porque Magalhães ligou o que não estava ligado e 500 anos depois, qual é o nosso papel? De que forma nos inspira para nos projetarmos no futuro?”, questiona.
É nisso que deve estar o foco. “A região tem aqui uma excelente oportunidade, porque foi aqui que se criaram redes colaborativas (como as redes de cidades e das universidade magalhânicas), que são ativos que urge mesmo aproveitar”, frisa José Marques, adiantando que o congresso pretendeu comemorar uma figura “incontornável” da história da humanidade. “Não só por ser um visionário, um planeador da maior expedição náutica da história, mas, sobretudo, pelo feito que isto provocou, já que veio promover a maior revolução conceptual sobre o conhecimento do mundo”.
O presidente da Estrutura de Missão lembra que Fernão de Magalhães “está enraizado na memória coletiva” da identidade cultural de Sabrosa. Apesar de mais recentemente se ter criado uma dinâmica associada a Fernão de Magalhães, o contexto não é recente. Há mais de 200 anos que Sabrosa sempre acarinhou e valorizou Fernão Magalhães, como se ele fosse de cá e há investigadores a manter essa relação de naturalidade de Magalhães com Sabrosa”.
Durante dois dias, o congresso reuniu professores e investigadores de várias universidades e foi organizado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em conjunto com a Câmara de Sabrosa e a Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Viagem de Circum-Navegação.