Sexta-feira, 26 de Julho de 2024
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Migrantes protagonizam espetáculo que promove integração em Vila Real

Trinta migrantes de várias nacionalidades protagonizam um espetáculo de teatro, dança e música inspirado nas suas vivências, que promove a integração e a diversidade e tem estreia marcada para 30 de novembro, no Teatro de Vila Real.

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O espetáculo multidisciplinar “Piano – Mar”, criado no âmbito do projeto “Migrantes”, reúne pessoas provenientes de países como Angola, Moçambique, Uruguai, Brasil, Colômbia, Irão, Guiné-Bissau, Ucrânia, São Tomé e Príncipe, Andorra, Nigéria ou Argentina que escolheram Vila Real para viver, estudar ou trabalhar.

“Este é um projeto feito a várias mãos, construído com pessoas de várias nacionalidades”, afirmou Vânia Holanda, uma brasileira que chegou há cinco anos para fazer o mestrado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Neste momento está a tirar o doutoramento em Educação e Cultura e está à frente da Associação de Brasileiros do Distrito de Vila Real (ABRAVIR).

“E agora estamos neste projeto ‘Migrantes’, que foi um presente para toda a comunidade e uma oportunidade de integração, de interação com as pessoas e de levar um pouco mais da nossa cultura para conhecimento de todos, enfim é um momento especial”, afirmou.

Em palco vão cruzar-se vivências de diferentes países e várias formas de arte, como o teatro, música, dança, movimento e até ilustração.

“Mostrando que estamos aqui para somar com Portugal e com Vila Real”, salientou Vânia Holanda, que explicou que quando chegou a Trás-os-Montes sentiu um “choque cultural” e que “a variação” da língua portuguesa foi o “primeiro impacto”.

Natural da Guiné-Bissau, Quintino Antero Sá, de 31 anos, encontrou um novo quotidiano e uma família com o espetáculo, fugindo à rotina UTAD, trabalho e casa.

“Sinto-me integrado, são diferentes culturas numa língua que nos une, que é o português”, afirmou, explicando que em palco se faz um pouco de tudo e que no dia 30 será apresentada uma peça que ainda está em construção.

Citando o encenador da peça, Ángel Fragua, um espanhol instalado em Vila Real, salientou que se pretende a “cada dia tirar um pouco de cada para juntar no dia 30”.

Darcio Ribeiro, brasileiro de 39 anos, faz o mestrado na UTAD e transporta para o palco uma experiência de 20 anos como bailarino profissional.

“A gente quando vem aqui para estudar, acaba por ficar muito entre a UTAD e casa, e aqui acaba por criar uma família”, destacou, considerando que o projeto está a ser enriquecedor e que é um trabalho que resulta de uma “ajuda mútua”.

Cecília Peirone transporta para o palco a alegria de cantar. Tem 56 anos, está em Portugal desde 2006 e é farmacêutica hospitalar no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro.

“O projeto está a correr bem, ainda está a ser polido, mas vai ficar uma peça muito interessante. Conseguimos formar um grupo muito heterogéneo e homogéneo ao mesmo tempo, uma mistura engraçada”, realçou, frisando que a “diversidade frutifica e eleva tudo” o que está a ser feito.

Durante o espetáculo canta “Cambio”, uma música que fala sobre mudança, a mudança de vida que cada um sentiu quando se instalou em Vila Real.

Nascida no Brasil, Pérola Vital, de 7 anos, oferece ao projeto a inquietude de ser criança, garantindo que já decorou as duas falas e os movimentos de dança, e a nigeriana Dorothy Enwerem, de 32 anos, assume o importante papel de bacalhau, o peixe que é um dos alimentos preferidos dos portugueses.

“É interessante, intrigante e, para mim, um desafio por causa da barreira linguística”, afirmou a também estudante universitária que fala em inglês e está a aprender as primeiras palavras em português.

Rui Araújo, diretor do Teatro de Vila Real, salientou que o “espetáculo polivalente” está a cumprir o objetivo da integração.

“Há claramente um sentimento de acolhimento por parte dos participantes”, referiu, destacando que está a ser uma “experiência muito interessante” para todos os que estão envolvidos no projeto.

Mais do que de países, este é, na sua opinião, um “espetáculo de pessoas” e é também um ponto de partida para outros projetos com as comunidades migrantes.

Já no início de 2024 serão inauguradas exposições de fotografias do processo de construção do espetáculo e também dos protagonistas e da sua vida na comunidade local, bem como das ilustrações que estão a ser feitas.

“E iniciaremos uma outra expressão desta ideia, desta vontade de colaborar na integração e no conhecimento de todas as pessoas que fazem parte da comunidade vila-realense. Ainda não está definido qual será o projeto, mas vamos iniciar algo novo”, sublinhou.




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