“Não temos condições nem verbas, para suportar o funcionamento da Linha do Corgo, substituindo a Administração Central” – esta é a posição do Presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião, Francisco Ribeiro, que surge quando, recentemente, a Secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, defendeu que a CP e a Rede Ferroviária Nacional, REFER (gestora da rede) terão de encontrar soluções, juntamente com autarquias e entidades privadas, para uma “exploração eficiente” de linhas secundárias, com pouca procura”, entre elas a Linha do Corgo.
O edil recorda que foi proposto, pelo Governo, às Câmaras Municipais de Vila Real, Régua e Santa Marta de Penaguião, assegurarem o tráfego desta linha, suportando os custos com os operadores. “Este pedido nunca foi bem visto, pelas edilidades. A Administração Central está sempre a fazer cortes e, neste caso, pedem-nos para ajudar” – reagiu Francisco Ribeiro. “Obviamente que a CP e o Governo têm de ter a consciência de que os serviços públicos não podem dar lucro” – referiu o autarca.
No que concerne a Santa Marta de Penaguião, a via é extremamente importante para a freguesia de Alvações do Corgo, já que é o único transporte público que a população tem. As suas ruas acanhadas não permitem a passagem de um simples autocarro. Assim, o comboio é utilizado, pela população em geral, e, em particular, por estudantes que vão para a Régua e para Vila Real. Aliás, esta imprescindibilidade é extensiva a montante de Alvações, nomeadamente, Povoação, Carrazedo e Ermida.
Ana Paula Vitorino mencionou, publicamente, que já havia “contactos com autarquias”, no sentido de se substituir o tráfego regular ferroviário de passageiros por rodoviário. Porém, esta eventual opção de transporte não se adequa a Alvações do Corgo, nem a outras localidades situadas ao longo da via-férrea, dada a sinuosidade dos acessos. Francisco Ribeiro, sabendo da importância que o caminho-de-ferro assume, para o seu concelho, defende a via, “não para interesse turístico, pois este fim ainda é fugaz, mas para manter o serviço público da linha. Tudo farei, para que se mantenha este tipo de transporte” – garantiu.
Como que para serenar os ânimos, o Ministro dos Transportes, Mário Lino, referiu, também, que “em causa não está o fecho de linhas”.
Recorde-se que o Governo pediu, à CP, a elaboração de um novo plano estratégico, ao mesmo tempo que exigiu à REFER uma reavaliação do plano de investimento de três mil milhões de euros. Tudo isto tem um fim. É que o Governo quer que, até 2015, 60% da população ande de comboio, entre os principais centros urbanos, em menos de duas horas.
Jmcardoso