Cada oficina tinha à entrada uma gaiola com pássaros, normalmente canários ou periquitos. Por vezes confundiam-se os gorjeios da passarada com os assobios dos circundantes. Ali, naqueles pequenos espaços, tudo habitava sob a aura da felicidade. Em frente das oficinas, depois da estrada, o pintor Mio caiava a casa da senhora Libânia. O artista exibia-se em redobrados assobios, inspirado nos cantadores das gaiolas ou mesmo nas bonitas melodias da época.
As mulheres passavam na estrada quase sempre com um filho ao colo, outro pela mão e um outro ainda, o mais velho, atrás a brincar à corda ou à macaca. De vez em quando havia protestos com palavras mal cuidadas, autênticas blasfémias inofensivas a que os
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