Chegamos tantas vezes junto de Jesus, cansados, cheios de conquistas ou desilusões, mas com o sentimento de “missão cumprida”, pois fomos enviados por Ele. Assim aconteceu com os Apóstolos que regressavam da “faina”. Aproximam-se de Jesus e dão conta do “que tinham feito e ensinado”. Esta gestão da vinha que o Senhor nos entrega é deveras um desafio. Cada dia uma surpresa que desinstala os nossos planos e desgasta a vontade e o sonho. E o Senhor sabe disso. Sabe que precisamos cansar-nos pelo Reino, pois só o que custa tem valor. E o amor tem valor e dá valor a tudo o que somos e fazemos. E sabe também que a missão é partilha de vida sem medida.
É neste cansaço por amor que o Senhor nos dá colo: “vinde comigo”. Jesus não envia os Apóstolos para um resort descansar um pouco, não paga um prémio de desempenho numa viagem de sonho, mas faz-se companheiro do seu descanso: “vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco.”
Que bom é descansar junto com o Mestre, aprender com Ele o descanso num lugar isolado que só Ele habita connosco. Também neste tempo dos nossos descansos, das férias, das paragens, de balanços, deixemo-nos levar por Ele para um lugar isolado dos ruídos, dos que nos procuram, das nossas agendas… e será neste lugar isolado que Ele escolheu para nós, que surge o abraço e o colo do conforto e do descanso verdadeiro.
Mas muitos perceberam para onde “se tinha refugiado Jesus e os Apóstolos”. Talvez até já conhecessem bem aqueles percursos de Jesus. Quem diria que a fome daquela gente antecipa os caminhos de Jesus e chegam primeiro, não “lhe dando descanso”.
Este primeirear só pode nascer de um coração faminto da Sua presença. Que buscariam eles em Jesus? Que procuramos hoje nós em Jesus? Será que quando se afasta nos apercebemos para onde vai, como a multidão do Evangelho? Como chegar primeiro Àquele que primeiro nos alcançou?
Jesus é a nossa paz. Quem experimenta o Seu abraço, a Sua ternura e tranquilidade, não mais se pode afastar desta fonte viva de amor. Como no Evangelho, também nós somos pedintes do descanso em Jesus, “ovelhas sem pastor”.
Onde poderemos encontrar refúgio e alento? Quem nos poderá sossegar das tempestades que nos assaltam? Quem acolherá a nossa história sem julgar e dar soluções mágicas ou imediatas que nos enganam e desiludem? Quem nos conduzirá aos “verdes prados” da paz interior e da manhã de cada ressurreição?
Só em Deus descansa a minha alma, e na Sua Palavra tenho a bússola que me envia de novo.
