Mas, infelizmente, a caça está a passar por momentos difíceis. Refiro-me mais concretamente ao coelho bravo. O Senhor Bispo, D. Amândio, dizia aqui há uns tempos, numa entrevista ao jornal “A Voz de Trás-os -Montes”, que o Interior se está a tornar numa coutada de coelhos, mas nem nisso se vai tornar. Não quero ser pessimista, mas o futuro da caça em algumas regiões do país é tenebroso. Há zonas em que já está extinta e noutras para lá caminha. Juntando-se a isto o favor que o Estado tem feito aos caçadores de a tornar cara e burocrática, um bom número de caçadores abandona a caça todos os anos, o que é lamentável, porque é menos um pouco de lazer que deixam de ter na vida e é menos receita que se movimenta nos interesses legítimos à volta da caça. Mais uma machadada que é dada na ruralidade e na interioridade.
O Estado cobra aos caçadores uma licença de quase 40 euros, sem se ver qualquer retorno deste honorário, para não falar das taxas que cobra às associações e clubes de caça. Está em marcha um grande combate contra o vírus hemorrágico, que tem vindo a dizimar o coelho bravo, mas da parte do Estado não vemos mexer uma palha contra esta epidemia. Total indiferença e insensibilidade, quando o Estado deve ser o primeiro a dar o exemplo na preservação e na sustentabilidade da natureza para bem dos seus cidadãos. Estamos num momento decisivo. Está mais do que na hora de o Estado se unir aos caçadores e de realizar alguma coisa séria pela sobrevivência da caça.
Por outro lado, acho que levámos ao exagero uma certa febre associativista, que levou à criação de associações por todo o lado, com estatutos e regras muito díspares, algumas com fraca capacidade de gestão, o que favoreceu a agudização de dificuldades e problemas, o aumento de custos e de burocracia e até de divisões e algum mau ambiente entre caçadores. Bastava existirem associações municipais.
Tem a palavra o Estado. Tem mais uma oportunidade de ouro para ganhar a confiança dos seus cidadãos.