“O exercício físico não é só preventivo, também pode ser utilizado durante o tratamento terapêutico, ajudando os pacientes a aceitar melhor os tratamentos de quimioterapia”, referiu, acrescentando que “embora não existam séries de dados com a consistência que gostaríamos de ter, a verdade é que tudo o que conseguimos reunir de informação indica que o exercício físico, leve ou moderado, tem impacto na prevenção do cancro”.
E prova disso é Paulo Fernandes que viu no exercício físico a sua “salvação”. “Acho muito importante vir cá partilhar a minha história para as pessoas verem como é que se faz, como é que se luta”, afirmou, explicando que já praticava desporto antes do diagnóstico, mas “não foi pelo cancro que continuei a fazer exercício, foi mesmo pela motivação e pelas conquistas que me dava”. Paulo Fernandes pratica triatlo “na distância mais longa (iron-men). É a modalidade ideal para mim porque obriga-me a puxar pela cabeça, não só para conseguir atingir os objetivos, como para mostrar aos outros que é possível”.
Questionado sobre o impacto da doença na sua vida, Paulo Fernandes assume que “é à conta do tumor que sou o atleta que sou e é um bocado contraditório, mas, se não fosse o cancro, eu não estava aqui”.
A iniciativa contou também com a participação de Paula Oliveira, investigadora da UTAD, cujo “trabalho de 15 anos é a avaliação do efeito do exercício físico em modelos animais de cancro” e consiste “na introdução de cancro da mama em ratos fêmea que já tinham iniciado a prática de exercício físico”, num ensaio de trinta e cinco semanas. “As fêmeas correram cinco dias por semana, durante uma hora, e os resultados permitiram concluir que a prática de exercício físico elimina os efeitos nefastos da doença oncológica no funcionamento do coração”.
“A investigação tem demonstrado que é cada vez mais fundamental investirmos em estratégias promotoras do bem-estar e da saúde da população” realçou o pró-reitor da UTAD, Jaime Sampaio.
A Tertúlia “A importância do exercício físico na Oncologia” realizou-se no dia 29 de novembro, no auditório do polo da Escola de Ciências e Vida do Ambiente (ECVA), na UTAD.