Quarta-feira, 22 de Janeiro de 2025
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“O país olha pouco para o interior e para as suas necessidades”

Médico veterinário de formação, João Gonçalves é presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães desde 2017. Um desafio “difícil, mas entusiasmante”, afirma.

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No “Contrasenso”, o autarca revelou que “é uma função que nos permite estar próximos do território e das pessoas, identificar os problemas e elaborar um plano para os solucionar”.

Mas João Gonçalves não esconde que ser presidente de um município do interior “é mais difícil, porque os recursos disponíveis são inferiores”, defendendo que “Portugal é um país centralista, que olha pouco para o interior e onde há pouca vontade de combater as assimetrias existentes”.

“O diagnóstico dos problemas está feito e já foram apontadas algumas soluções. Falta é coragem para instituir políticas para tal. Esta questão do litoral e do interior não devia existir num país pequeno como o nosso, contudo, são necessárias verbas para se fazer a verdadeira coesão territorial, social e económica de que se fala”, frisa.

E será a regionalização a solução? Para João Gonçalves pode ser, “a questão é que não há uma fórmula única”. Para o autarca, “só se deve falar de regionalização quando se aprofundar que tipo se pretende implementar, porque nem toda a regionalização resolveria a nossa condição”.

“Precisamos de um modelo que permita acelerar o desenvolvimento destes territórios e inverter os problemas da região, um deles o demográfico. Se a coesão serve para alguma coisa é para aproximar os territórios e não o contrário”, defende.

Já sobre a descentralização de competências, “sempre fui a favor, mas é um processo contínuo, que tem sofrido vários desenvolvimentos e que pode ser melhorado em dois aspetos. Um deles diz respeito às competências que são descentralizadas e que, para poderem ser executadas, implicam um maior poder de decisão da nossa parte. E depois nos envelopes financeiros que têm de acompanhar esse aumento de competências”.

“Se nos derem os instrumentos financeiros necessários, acredito que conseguimos executar essas competências com mais eficácia, porque estamos perto das pessoas”, acrescenta.

Outro dos assuntos abordados no programa foi o da imigração, com o autarca a entender que “é fundamental” para fazer frente à desertificação, “mas não determinante no imediato”.

“Para haver crescimento económico é preciso haver mão de obra disponível e os imigrantes podem, claramente, fazer a diferença nesse sentido”, explica.

João Gonçalves falou, ainda, da sua experiência na direção da CIM Douro, onde é vice-presidente. “Somos 19 municípios, de quatro distritos, com presidentes de partidos diferentes, mas temos sido capazes de chegar a um consenso sobre o que faz falta ao território”.

“As prioridades da CIM Douro são o desenvolvimento da linha da Douro até Barca d’Alva, acabar o projeto de navegabilidade do rio Douro, a construção do IC26 para servir os municípios da margem esquerda do Douro e melhorar a rede móvel, que em alguns locais continua a ser deficitária”, conclui.

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