“O que é dito na comunicação social tem um grande impacto na sociedade”

Depois do sucesso do projeto “O jornal vai à escola”, no qual A Voz de Trás-os-Montes visitou vários estabelecimentos de ensino da região, eis que surge o podcast “A falar é que a gente se entende”, no qual, ao longo dos últimos meses, várias entidades abordaram o tema da comunicação.

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©JV
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O primeiro episódio teve como convidada a delegação de Vila Real da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal.

Um dos utentes é Paulo Outeiro. Tem 70 anos e perdeu a totalidade da visão há quatro. Está, por isso, em processo de adaptação à nova vida. “Sempre gostei de ler jornais e agora acabo por procurar a informação mais na televisão”, conta, admitindo que “estou a aprender a utilizar ferramentas como o ‘readspeaker’, para conseguir consultar as notícias dos jornais online”. Esta é, inclusive, uma funcionalidade que o site d’A Voz de Trás-os-Montes disponibiliza e que permite, por exemplo, que quem não sabe ler ou tem problemas de visão consiga ouvir as notícias que vão sendo publicadas.

“Considero que é uma ferramenta muito útil para pessoas invisuais, como eu”, frisa Paulo Outeiro.

Os meios de comunicação social ajudam a sociedade a formar opiniões sobre diversos temas. Para Paulo, ajudam até “a resolver alguns problemas”, com as pessoas a verem neles uma solução, quando já perderam a esperança.

“Recorremos aos jornais e rádios regionais para divulgar as iniciativas que vamos desenvolvendo”

Carina Ferreira é diretora da delegação da ACAPO de Vila Real e reconhece que “a forma como os órgãos de comunicação social dizem as coisas podem ter um impacto muito grande”. E dá um exemplo. “A maioria das pessoas utiliza o termo invisual, que se foi propagando, também, nos meios de comunicação social. Importa referir que o termo correto é pessoas com deficiência visual. Muitas vezes, a comunicação social diz que é assim e as pessoas pensam que é a forma correta de dizer, mas não é”, alerta.

Para esta responsável, os órgãos de comunicação social estão próximos das pessoas, motivo pelo qual “recorremos aos jornais e rádios regionais para divulgar as iniciativas que vamos desenvolvendo”, confessando que “temos tido mais pessoas a procurar-nos desde que damos maior visibilidade à nossa associação”.

E, numa altura em que as redes sociais fazem parte do nosso dia a dia, Carina admite ser “cada vez mais importante verificar as fontes das notícias que por lá aparecem, porque nem sempre aquilo que se lê nas redes sociais é verdadeiro”.

ACAPO VILA REAL

Foi a 1 de setembro de 2004 que, fruto de um acordo com a Segurança Social, a ACAPO iniciou a sua atividade em Montalegre. Dois anos depois, a delegação foi transferida para Vila Real, “para um local com mais e melhores condições de trabalho, o que veio também permitir um alargamento territorial dos serviços, passando, também, a partir desta data, a prestar apoio a Associados e Utentes do distrito de Bragança”, lê-se na página de Facebook da ACAPO Portugal, a propósito do 20º aniversário desta delegação.

Duas décadas depois do arranque de atividade no distrito, a ACAPO Vila Real apoia cerca de 120 pessoas e mudou, mais uma vez, de instalações. Está agora na Urbanização Quinta da Levada, um espaço inaugurado no final de setembro.

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