Quais são as duas grandes prioridades que defendem para o distrito?
Com a situação a que o distrito chegou, escolher duas prioridades torna-se quase impossível.
Temos uma emergência médica regional. Quando ouvimos sobre o caos na saúde no resto do país, com crianças a nascer em ambulâncias, eu aconselharia os jornalistas a falarem com os bombeiros do distrito e perguntar há quantos anos isso acontece. O Sistema de Saúde provou que não consegue responder aos problemas atuais e precisa de uma reforma profunda.
Temos também um problema de desenvolvimento económico. O país beneficia da energia produzida nas nossas barragens e eólicas, mas na altura de desenhar medidas que ajudem a desenvolver o tecido económico, andamos a contar pessoas para ver se se justifica, ignorando que é precisamente pela falta dessas medidas que cada vez mais pessoas abandonam o interior.
A perda de população continua a ser um grave problema do interior do país. O que se pode fazer para combater este flagelo?
Para combater a desertificação temos de assegurar duas coisas: prosperidade económica e qualidade de vida.
Sem prosperidade económica não há liberdade, não há boas paisagens e boas comidas que ajudem a fixar alguém. Temos de ser atrativos para as empresas poderem fixar-se cá em detrimento do litoral, criando postos de trabalho bem remunerados para os filhos da nossa terra e crescer a economia local.
Temos ainda de assegurar acesso à saúde a todos através de reformas, porque se tudo continuar como está os resultados serão iguais. A IL propõe um novo sistema que reponha a igualdade no acesso.
Hoje temos três situações em Portugal: aqueles que têm ADSE ou seguros das forças de segurança, aqueles que podem pagar seguros de saúde privados e aqueles que ficam condenados às listas de espera do SNS. Queremos mudar esta situação com um novo sistema, em que todos tenham acesso ao médico que preferirem, público ou privado, sem pagar mais por isso, repondo a igualdade de acesso.
Como atrair investimento para a região?
Para atrairmos investimento para a região temos de oferecer às empresas o que elas hoje não têm em qualquer região do litoral. Ninguém decide mudar um investimento por reduções de 5% no IRC nos primeiros 50 mil euros de imposto.
Temos de libertar o potencial económico da região. Somos um gigante económico adormecido. A IL propõe a criação de uma Zona Económica Especial que permitirá regulamentação mais flexível, com menos burocracia e uma taxação mais baixa para as empresas que criem postos de trabalho. Este é um modelo de sucesso na Europa, em países como Irlanda e Polónia. Precisamos destas boas políticas também em Bragança.
Nos últimos tempos tem-se visto que a linha aérea tem uma grande importância para a região. Como impedir que esteja tantas vezes suspensa?
A situação recorrente da suspensão da linha aérea é um espelho da relação do Estado central com o interior: Portugal extrai o que quer de Trás-os-Montes, recursos e pessoas, riqueza, mas quando é para resolver algum problema efetivo da população há sempre um papel que falta.
O emaranhado burocrático e a lentidão de processos que atrasam concursos e pagamentos são os verdadeiros fatores que causam estas interrupções e prejudicam os transmontanos. A solução não passa por mais remendos, passa por reformar o Estado, como a Iniciativa Liberal defende incansavelmente.
Tem-se falado que Bragança será ponto de passagem da linha de alta velocidade entre Porto e Madrid. Acredita na sua concretização? Que vantagens terá para o distrito?
O nosso programa reitera o compromisso fundamental de ligar todas as capitais de distrito por ferrovia ao Porto ou Lisboa em menos de duas horas o mais rapidamente possível e até 2040.
O facto de esta ligação transmontana e ibérica, pela qual a Iniciativa Liberal Bragança sempre batalhou, estar finalmente a ser considerada mais seriamente por outros apenas demonstra como a nossa persistência faz falta para desafiar o imobilismo do Estado Central, que durante anos ignorou o potencial desta ligação.
Foi a partir do evento sobre ferrovia, promovido pela Iniciativa Liberal em Bragança, em 2022, que este tema voltou à agenda mediática. Não descansaremos enquanto este projeto não se torne uma prioridade para o país.